sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Os chatos.

Eles não me dão descanso. Me ligam sempre. A todo momento. São chatos. No mais elogioso sentido da palavra chato. Ao religar meu celular ontem, vi diversas mensagens. Ligações. Mensagens no facebook. Uma genuína preocupação. Meu desejo, sonho, se tornara realidade. Eu queria pessoas que cuidassem de mim quando eu chorasse. Que ficassem 24 horas comigo se fosse o caso. Eles existem. São reais. Eu não precisei inventá-los. Dois professores de química. Um professor de matemática. Uma professora de física ( minha amiga com leucemia que cuida mais de mim do que eu dela). Meu casal preferido que mora comigo. Meus anjos da guarda. Minha patota. Minha galera. Hoje eles não aceitaram o não como resposta. Foram me buscar no centro mesmo após o almoço com minha amiga. Quando falei que ia para casa, praticamente me sequestraram. Me levaram para a praia. E quiseram ouvir cada detalhe dos dois últimos dias. Expor a opinião deles. Me ajudar. Brigar comigo por sofrer sozinho. Me abraçar. Acarinhar. Caminhamos na praia, jogamos volei. Pena que choveu. Mas rimos muito na volta, no trânsito de turistas que invadem minha cidade no verão. No caminho, para completar, meu amigo de anos, o único a estar comigo de fato da antiga turma me ligou para contar suas novidades. Como a filha está sapeca. Que em breve ele e a família se mudarão de cidade por conta do novo serviço dele. Que ele já meio que mora lá. Que está orgulhoso de mim. Do que fiz. Que acompanha minha vida pelo facebook. Que lá vê as muitas homenagens que meus alunos me fazem. Os agradecimentos. Que eu fiz conquistas em 2011 e que nunca devo me esquecer disso. Combinamos que daqui há duas semanas eu passarei uma semana com ele em sua cidade nova. Para fazer companhia enquanto a esposa não vai. Eles gostam de mim. Sabem meus defeitos. As monstruosidades que fiz. Não entenderam. Mas me deram uma chance. A noite todos viemos aqui pro apartamento. Convidamos mais amigos. Fizemos uma grande bagunça. Rimos. Vimos UFC. Terminou agora há pouco. Agora são 04hs da manhã. Eles estão lá na sala, dormindo. Amanhã o ano novo, passaremos juntos. Eles querem estar comigo. Se eu chorar ( e eu vou) me abraçarem. Me consolarem. Dizerem, mesmo que eu não acredite, que tudo vai dar certo. Que vai passar. Mesmo com toda essa bagunça, pensei muito nela nessa noite. Ao ver meus dois melhores amigos, com suas namoradas, apaixonados. Pensei que se ela estivesse nesse grupo ela iria amar. As brincadeiras, a inteligência. O carinho. O tanto que eles são amigos. Foi o que faltou para ela. E agora não falta mais: amigos. Foi aí que eu a peguei na história da fake. Na carência. Na vontade de ter amigos. Ao menos isso ela superou. Ela é cheia de amigos. Bons amigos. Que cuidam dela. Mas ela iria amar esse grupo. Como eu já amo. São meus chatos preferidos. Salvam minha vida todos os dias. Por eles, as coisas não são piores. Mas ela, minha melhor amiga, me faz uma falta...

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