quinta-feira, 29 de março de 2012

29 x 10.

10 meses.
29 de Março de 2012.
29 de Maio de 2011.
10 meses separam uma data da outra.
Nos separam.
De lá pra cá as mais intensas e variadas mudanças.
Pra mim.
Pra ela.
Ela ama de novo.
Muito.
Intensamente.
É feliz.
Como nunca foi.
Com alguém que causa orgulho em todos a volta dela.
E que parece ótima pessoa.
Ela vai se formar.
Iniciar de fato sua carreira.
Já eu,achei um propósito na vida.
Sou professor.
Três cursinhos.
Um colégio inteiro.
Um pré vestibular comunitário.
Diversos amigos.
E ainda me sinto só.
Ainda sofro.
Choro.
E não há um só dia em que não me arrependa.
Todos os dias. 
Mas as escolhas, o novo caminho percorrido, consolam.
E hoje, passei um dia 29 menos dolorido.
Com risadas.
Com amor de muita gente.
Não chorei pela primeira vez.
Superei?
Não.
Mas estou vivendo e não mais sobrevivendo.
Será errado?

segunda-feira, 26 de março de 2012

Ainda...

Mas as lágrimas ainda vêm. Do nada. Sem razão nenhuma. Quando bate a saudade. Quando estou no escuro. Quando nas três horas de ônibus de lá pra cá, daqui pra lá a imagem dela vem inteira. Quando vejo no meu celular as antigas mensagens. Os vídeos que temos juntos. Só pra lembrar do jeito que ela falava comigo:"Vida". "Vi". "Príncipe". "Amorzão". "Meu Tudo". Quando ela me olhava intensamente. Apaixonadamente. Quando eu sabia que eu fazia feliz. Quando ela era minha. E eu era dela. A primeira mudou. A segunda não. Ainda sou. Acho que serei para sempre. O tamanho do rombo que ela deixou na minha vida, jamais será fechado, porque está atrelado além da perda de um amor irrecuperável a erros irreparáveis. O nosso fim foi o fim da vida como eu conhecia. Se minha vida melhorou? Demais! Deu uma virada sensacional. Eu sou cheio de amigos. Eu não minto para nenhum deles. Eles sabem meus erros. Me acolhem. Qualquer sinal de que estou errando ( e ainda erro,minto para desconhecidos, como se fosse uma necessidade) eles correm em meu auxílio, como se mais que um mau caráter, eu fosse um viciado como certa vez falou meu psiquiatra. E me ajudam. Brigam. Chamam a realidade. Ameaçam. E eu ouço. E sofro por não cumprie as expectativas deles. Mas percebo a melhora palpável na minha vida. Jesus, SOU PROFESSOR! De 4 cursinhos. 3 particulares. 1 comunitário. O melhor trabalho social que já fiz na vida. Ou seja, sei que minha vida mudou pra melhor...e muitas vezes me pergunto o que eu seria capaz de deixar pra trás para ter o perdão dela. E as vezes eu tenho medo de responder que...TUDO! Porque o tudo sempre esteve e foi dela. Ela. A dona. A minha dona. Então..nos meus momentos mais sombrios ( e cada vez mais escassos) eu lembro sim dela e as lágrimas ainda rolam em profusão. Como sábado agora. Vendo o filme Tão longe e tão perto.  A falta que um pai, morto no 11 de setembro, faz falta para uma criança. O filme é sobre isso. Ausência. Intensa. E eu senti toda aquela intensidade. Lembrei dela. E chorei. Demais. Ela É minha vida. Ainda. Sempre será. O amor de toda a minha vida!

Frequencia.

Como vocês puderam perceber na semana que passou, eu pouco consegui postar aqui nos últimos dias. Alias, durante março inteiro. Esse é o mês em que as postagens estão mais escassas. Claro que há muito para ser contado. Mas como organizar o tempo para fazer isso com minha rotina louca é que é a grande dúvida. Minhas aulas,mais a faculdade,mais o estágio, que ainda não sai, tem tomado literalmente todo o meu tempo. Às segundas feiras dou aula das 07h40min até ao meio dia. Vou para o estágio. Tenho aula na faculdade das 20:20 até 22:00hs. Chego em casa, uma última olhada nas aulas do dia seguinte. Aí acordo 05:30hs. É dia de aula no terceirão às 07hs. Vou até às 12hs sem parar. Corro para o Centro da minha cidade. O ônibus para a outra cidade em que dou aula particular sai às 13:15. Ás 16:00 eu chego lá. Dou aula das 18:15 até 18h30min.Invariavelmente saio com meu amigo ( aquele que sou com ela padrinho de casamento) até às 20h30. Jantamos juntos e colocamos a conversa em dia. O ônibus sai da cidade por volta das 20:40. Chego em casa quase meia noite e meia.   Na quarta o processo se repete tal qual um relógio. Na quinta feira nova aula pela manhã. Aula no cursinho particular a tarde. As duas primeiras. Venho para o estágio.Fico apenas duas horas aqui ensinando o novo estagiário. Vou para o cursinho comunitário. Dou quatro aulas das 19hs00 até às 22hs00. Vou para casa. Na quinta feira é um dos dias que estou mais cansado. A voz já está indo embora, o sono vem super fácil. Coisa de cair na cama e dormir. Acordo de novo super cedo no dia seguinte. Mais 5 aulas. Vou para a Universidade e tenho aula das 13:30 ás 20:20.E encerro minha semana dando a última aula no cursinho às 21:20. Quase sempre aí é o reencontro com os amigos que não vi a semana inteira. Jantamos juntos, contamos tudo que fizemos,confraternizamos. São os que amo. Meus grandes amigos. Os que quero melhor mais do que eu quero a mim mesmo!É a hora do desafogo e de longe o dia que estou mais cansado. Mas não há possibilidade de abrir mão disso. No sábado eu procuro dormir um pouco até mais tarde. Mas nunca até depois das 10hs. Nós três, do ap vamos correr. Ficamos até 12hs. É quando nossa "família" fica junta pela primeira vez de fato na semana. Preparamos juntos um almoço gostoso. Minha amiga,namorada de meu melhor amigo se junta a gente. Criamos essa rotina nesse mês de março por conta da minha agenda. Mais ou menos ás 14hs tudo termina e eu dormo um pouco. Até 16hs. E aí é um dia dedicado ao estudo. Coisas da faculdade, leitura, aulas, provas, tudo. Não termina antes das 23hs. Vejo um filme, minhas séries e vou dormir. No domingo, não faz parte da rotina, mas consegui fazer nos três últimos: vou almoçar com as crianças com HIV. Não sei se será possível manter. E aí nossa patota se reúne de novo. Meus melhores amigos e eu. Preparamos algo todos juntos. Vemos um filme. Vamos no shopping. O medo de encontra-lá lá ainda existe. Mas estou amparado por eles. Chego em casa 21hs00 e reviso tudo da semana. Após, banho, barba e cama. Vejo mais um filme e uma série. Até eu cansei de escrever minha rotina. Mas é isso. E com isso,é verdade, escrever aqui tem sido complicado. Acho tempo para escrever no blog que participo sobre nerdices.Mas é um post por semana o que acaba sendo bem tranquilo. E por isso mesmo, optei por escrever menos. Não sofro menos. Mas estou tão ocupado e um ocupado tão contente, tão realizado, fazendo o que eu amo, que as lágrimas quase não vem. Mal dá tempo de fuçar a vida dela. Estou em constante cansaço e ciente das minhas responsabilidades. No msn não entrei mais. Há mais de um mês não sei o que é entrar. Entro no skype só para gravar o podcast a cada quinze dias. 
Ou seja...A cabeça é ocupada por tanta coisa...mas tanta coisa...Mas ela está ali. Sempre. Não dá pra esquecer. Nunca. Quando eu estou dando aula, sempre me vem a imagem dela na cabeça. Me olhando. Nos grandes momentos, sempre lembro do sorriso orgulhoso dela. Ela me faz mais falta do que eu consigo dizer...Mas estou vivendo. De verdade. E vocês que acompanham esse sofrimento a quase um ano, sabem bem disso!

segunda-feira, 19 de março de 2012

O retorno!

É hoje o dia. Particularmente mais alegre que qualquer outro dia. Hoje é o retorno do projeto social do qual faço parte. Inicia-se um novo ciclo. Novos sonhos. Novos jovens, que de agora até o fim do ano, vão se dedicar, estudar, se emocionar e viver conosco intensamente uma preparação que é diferenciada. E a prova está nos nossos números: Ano passado conseguimos colocar 58% de nossos estudantes na Universidade. Um feito, se levarmos em consideração que não temos material didático, ou estrutura adequada. Um colégio nos cede as instalações. 
Esse projeto é o xodó da minha vida. Não escondo de ninguém. É meu grande amor. Foi graças a ele que consegui tudo que tenho. E considero ter muito hoje em dia. Graças a ele pude ter meus amigos. Todos tem alguma relação com ele. Ou foram alunos ( que agora, para meu orgulho, ajudam na montagem do projeto) ou são professores. Minha patota. Minha turma. Meus amores. Graças a ele, pude dar aula num colégio que eu amo demais. Graças ao trabalho nele fui contratado por dois cursinhos. Ou seja, a entrada nesse projeto, no dia 23 de maio ( uma semana antes do fim do meu namoro) me impediu de sucumbir. Não fosse minhas aulas, não fossem as aulas extensivas no sábado, enfim..não fosse ter entrado de cabeça nisso, eu não sei, de verdade, se estaria aqui. Ali eu recuperei minha auto estima. Ali eu busquei um propósito. Ali amei. Fui amado. 
E olha que o começo foi custoso. Quando entrei no projeto, ele era atrelado a um patrocínio, que lesava os professores de maneira leviana. Organizei o motim que exigiu respostas. Como consequencia, fui expulso, junto com mais uma professora. Isso era Julho e faltava uma semana para o início das aulas, estávamos com mais de 100 alunos matriculados. Em solidariedade a gente, 90% dos professores saíram juntos. Consegui o colégio, escrevi o projeto social, comprei o domínio pro site...Coloquei de pé e não serei humilde nisso. Da equipe de ouro montada, eu era o com a vida mais vazia. Poderia fazer isso com alguma tranquilidade. E fiz. 100% dedicado e comprometido. Os moldes do projeto são idealizados por mim. O projeto é criado. E sou o coordenador, até agosto, dele. 
Esse retorno é muito esperado. Embora seja bem pago nos lugares em que dou aula, é nesse colégio que o amor por dar lecionar aflora de maneira perene. Me sinto mais vivo. Me sinto intensamente alegre. Tenho até furtivos momentos de felicidade e só não classifico assim porque como em todos esses momentos ela vem acompanhada de nostalgia, culpa e por consequencia tristeza. Dói lembrar que ela não vê tudo isso. Não vê o lugar que o cara que ela sempre acreditou, chegou. 
De toda a forma, hoje é dia de festa. Muita festa. Não é todo dia que um grande amor volta de férias né?

domingo, 18 de março de 2012

Primeira vez.

A primeira vez que a vi, foi num final de tarde. Eu já ouvira falar dela dezenas de vezes. Um dos meus crismandos, naquele momento já se tornando meu amigo, tinha uma "queda" por ela. Não haviam ficado até então porque a irmã dele sempre atrapalhava. Esse meu amigo e eu estávamos andando pelo bairro a caça de um teclado, para a banda que formaríamos na igreja. Fomos à casa de um colega e não conseguimos. No caminho,passamos por uma rua que eu nunca havia passado. A dela. Ela estava na frente de casa, jogando volei. Com essa irmã do meu amigo. Ele nos apresentou. Eu a achei linda. Linda. Ela sorria fácil. Falava alto. Gesticulava muito. Tinha uma empolgação na voz...Vestia uma saia preta, curtinha e uma blusa tomara que caia roxa, com uma inscrição em japonês. Conversamos durante algum tempo. E ela, sem mais nem menos, resolveu emprestar o teclado que ela ganhara de natal, para a gente. A atitude me ganhou. Mostrou que ela era diferente. Muito diferente. Ao sair dali comentei com meu amigo: "Ela é gatinha!" Ele me repreendeu, talvez com ciúme: "Tira o cavalinho da chuva. Ela tem 14 anos." E meu queixo caiu. Nem parecia. Isso foi em fevereiro de 2004. Não nos falamos mais depois disso. Tivemos que devolver o teclado, a mãe dela pedira de volta, mas meu amigo foi quem devolveu.
Só fomos nos falar de novo no dia do aniversário desse mesmo amigo: 23 de Abril. Eu havia organizado uma festa surpresa para ele. Ela ligou para dar os parabéns. Eles estavam tendo uma conversa sem noção no celular. Eu fui brincar pra mostrar como se fala com uma menina. Convidei-a para a festa. Ela apareceu com o book que havia feito para a festa de 15 anos. E o convite para mim. E aí já era. Eu estava encantado. Peguei o telefone dela. Mandei várias mensagens. Combinamos de ficar. No primeiro final de semana ela foi viajar. No segundo dia das mães também. Eu já havia perdido as esperanças, quando ela me manda uma mensagem dizendo que chegara de viagem e poderíamos nos encontrar às 20hs. Na esquina.Era uma noite fria. Eu tremia. De frio e nervosismo. Ela trouxera a amiga, irmã do meu amigo. Quase um segurança.Ficou do  nosso lado o tempo todo e já anunciava que não ficaríamos. Que ela não iria deixar. Contrariada, ela não gostou. Eu, menos ainda. Anunciei que não precisava daquilo. Fui dar um beijo no rosto dela e ela me beijou na boca. E assim aconteceu. Um beijo longo. Intenso. E eu sabia. Sabia que aquela era a mulher da minha vida. Sabia que a ela eu iria amar para sempre! Meu coração estava entregue. Assim como o corpo e a alma. Quando abrimos os olhos, a amiga já não estava mais ali. E então começávamos a escrever a nossa história. De um amor intenso. E da minha parte, de mentiras mais intensas ainda. 
Poderia recordar outras "primeiras vezes" nossas aqui. Mas fico com a lembrança dessas duas. O primeiro dia que nos vimos. A primeira vez que nos beijamos. Só porque acordei meio nostálgico e pensando intensamente nisso. Que saudade!

sexta-feira, 16 de março de 2012

15 anos!

Hoje uma aluna minha completa 15 anos. Ela está no primeiro ano. É uma querida. Sou seu professor favorito.Tão favorito, mas tão favorito que sou o convidado de honra para a valsa com ela. Algo que nunca imaginei fazer. Algo que nunca pensei ser. É uma honra sem dúvida. Ela está bem nervosa. Num primeiro momento neguei. Não sei dançar, não teria tempo pro ensaio e não acho que mereça a honraria. Mas a própria mãe fez um pedido pessoal. Enfim..cedi e assim combinamos. É daqui a pouco na realidade. Só sairei do cursinho onde hoje dou aula a noite ( curso particular, recém fundado e que me contratou para Literatura) e irei para lá. Me arrumarei no carro de meu amigo professor de matemática e também convidado, mesmo.
A última festa de 15 anos que fui, foi em uma da prima da minha ex namorada. Lembro que detestamos. Que falamos mal da família dela. Que ficamos os dois juntos. Corremos do casamento de um amigo meu, para estar lá. A mãe dela não queria nem que fossemos no casamento. Afinal "o que a família iria pensar." Era um dia frio. Além de terno eu estava com uma blusa de lã. Ela estava linda. Uma saia preta, curta, mas não vulgar. Meias da mesma cor. Uma blusa preta que eu amava. Tinha colocado o cabelo bem pra trás. Na festa a mãe dela pouco ficou e sobrou pra gente o que acontecia em muitas festas da família: Virarmos "representantes" da mãe e do pai. Dançamos juntos. Namoramos no carro. Dormimos bem juntinhos no frio. Foi uma noite que eu nunca esqueci.
Antes desse aniversário de 15 anos, o último que eu havia ido, foi o dela mesmo. Como vocês sabem, eu comecei a ficar com ela, num 09 de maio. Ela faz aniversário dia 21. E me convidou pra festa como "amigo". A família não poderia saber. Lembro que eu fui me sentindo O NAMORADO. Ledo engano. Ela convidara outros "amigos" também. Típico de uma menina de 15 anos. Estávamos lá todos os pretentendes dela. E ela cheia de si. Orgulhosa. Num vestido laranja, que ao lembrar hoje eu penso como exagerado. Conversamos muito pouco. Ela quase não me deu atenção. Em dado momento a flagrei aos beijos com um dos "amigos." Triste, fui embora. Para ela, na época, contei que fui para uma casa noturna onde fui cantado por quem para ela era minha "ex namorada": Aquela irmã de quem já foi meu melhor amigo. Ela ficou louca de cíume. E assim, mentindo, manipulando, eu ia trazendo-a para minha vida. Deveria ter contado que fui para casa. E que cheguei até a chorar de tão magoado que estava. Claro, que logo fizemos as pazes e o resto foi história. E antes dessa festa dela....eu não lembro da outra que fui de 15 anos. Alguém do grupo jovem talvez? Não lembro mesmo! Lembro de todos os detalhes envolvidos depois que ela entrou na minha vida. E poucos, bem poucos de antes. Significa!
Que hoje a noite eu não seja esmagado por lembranças e consiga ser a presença que faz jus ao fato de ser "convidado de honra." Como se a palavra honra pudesse assim, ser adicionada ao meu nome!

Viajar e Chorar.

Não é mais corriqueiro. Não é mais do nada. Aquele recorde de 10 dias sem chorar, já foi e muito, superado. Há um constante pensar a respeito. Se culpar. Rever os erros. Quase que em câmera lenta. Mas as lágrimas, o extravasar a dor, hoje em dia realmente é mais raro. Mas acontece. E muitas vezes quando menos espero. Após comemorar o aniversário do meu amigo, na cidade onde ambos trabalhamos, voltei para casa, minha cidade, como sempre faço. Dou aula toda a manhã e não posso permanecer lá de um dia para o outro. A volta de uma cidade para a outra se dá no tipo de ônibus que aqui no meu estado se chama de semidireto. Ou seja, ele pará em todas as rodoviárias pelo caminho. Já havia feito isso na terça e quarta da semana passada, bem como nessa terça. Não era novidade que o faria na quarta também. Mas dessa vez eu estava mais pensativo. Com preguiça. Cansado. Normalmente eu volto lendo, ou preparando as aulas do dia seguinte para os meus alunos. Desta feita estava de boboeira literalmente vendo a paisagem. Quando o ônibus parou na estação da cidade que é anexa ao sítio da vó dela. Lá ela me buscou muitos sábados de manhã quando a família dela para lá viajava e eu só podia ir depois por uma razão ou outra. É algo quase que ridículo. Uma parada. O ônibus não fica um minuto naquela rodoviária. Entra e sai. Eu olhei para o banco onde eu sempre ficava. O lugar por onde sempre o carro dela chegava. O percurso que fazíamos. Tudo. E chorei. Assim. Sem mais. Nem menos. Amargamente. E com intensas e imensas saudades. Com dor, e dor e dor! Com a culpa que sobe em cima de mim nessa hora. O restante da viagem assim foi. Lágrimas nos olhos. Fotos do notebook com saudade. Vídeos do celular. Para ouvir de novo a voz. Para lembrar do beijo. Do toque. De uma outra era. Do amor. Da saudade eterna. Não há muito que dizer. Só resta pensar com ternura. Pena que a ternura sempre vem acompanhada do que eu fiz. E não fiz pouco!

Pra amizade, tudo!

Na terça feira foi aniversário do meu amigo que trabalha e mora na mesma cidade onde agora dou aula. O cara que eu fui padrinho de casamento. Com ela. A minha ex. Porque o casal, acreditava na força do nosso amor. Que seríamos capazes de ficarmos juntos para sempre. Quem sabe...se eu não fosse mentiroso, manipulador, traidor e tudo que fui...mas também, se eu não fosse tudo isso, fatalmente não teríamos durado nem uma semana.Afinal, acho que nunca falei aqui ( e como parece que já estou angariando simpatia de quem lê esse espaço e isso NUNCA foi MESMO a intenção,é bom relembrar as escandalosas canalhices que pratiquei) mas quando tínhamos uma semana de ficar, ela ia terminar comigo. Assim, sem razão, como milhares de vezes acontece. Queria ficar com outros, enfim, não tínhamos nada sério. O que fiz? Peguei um avô que havia intentado, e como mentir sobre ele já estava me fazendo mal, nunca tive avô ou coisa do gênero, o matei. Ela, claro, ficou com o coraçao na mão. E não terminou. Como terminaria. Sei o que vocês estão pensando. Sim, eu era desse tipo. Desse tipo de atitude. Mas foi esse casal, construído em cima de mentiras, que os dois convidaram para padrinhos de casamento.Nossa amizade sobreviveu a essas mentiras todas. Que foram inclusive recontadas a ele. Ele é um ser iluminado. E perdoou tudo. Sem pensar. Acredita que eu posso mudar. Soube que nunca namorei a irmã daquele que era meu melhor amigo. Soube que eu nunca estive em outro estado várias vezes pra ver nosso time jogar. Soube o quanto menti pra minha ex namorada. Como traí ela. Com quem traí ela. Tudo!E ainda assim me perdoou. Então, claro que quando chego na cidade para os meus dois dias de aula, já o aviso. Temos saído nas terças e nas quartas. Relembramos histórias. Ele me conta as dificuldades da vida de casado. Ele faz os julgamentos dele também. Pertinentes. Acho que cometi um ato monstruoso. Mas dá uma parcela de culpa para minha ex. Para meu amigo, que na visão dele "se meteu onde não devia" e ainda "ficou com ela" ( nunca confirmei exatamente isso, mas tenho certeza que sim). Lembra de quando ela foi desonesta quando do seu envolvimento  com aquele meu outro "melhor amigo", o doutorando da orientadora que não me suporta. Enfim...tenta tirá-la do pedestal, onde ele, minha amiga de anos, que estudou com ela, meus amigos mais próximos, ACHAM ERRONEAMENTE que a coloquei. Sei cada uma das falhas dela. Mas é poeira. Nada. Imperceptível comparadas as minhas. Ela errou. Eu fui mal caráter. Patético. Pequeno. De todo modo ele é o único dessa época e de outras da minha vida que restou. Que não me acha maluco. Psicopata. Que me ajuda. Mesmo em silêncio. Me dá abraços de quem é cúmplice. E que confia na minha melhora. Que eu não o decepcione. Que seja como no dia do aniversário dele e no seguinte quando voltei. A gente, jantando, contentes, bem um com o outro. Sempre!

"Melhor professor do estado."

Minha aula na cidade onde estou trabalhando agora foi espetacular na última semana. Talvez uma das melhores da minha vida. Consegui utilizar com um bom domínio ( apesar de não ser exatamente bom nisso) a lousa digital. Pela primeira vez dei gramática para um cursinho. Para turmas do ensino médio. Dou gramática para o ensino fundamental. Me saio bem. Não é espetacular. É bom. Me preparei a fundo para as duas aulas de gramática que fiz. Claro, que só relaxei quando cheguei na paixão e na especialiadade que é a Literatura. Mas antes, no intervalo, fui para a sala do diretor na presença do dono, tomar um café com eles. Estavam assistindo minha aula de gramática. E confesso que eu estava nervoso com isso. Elogiaram muito. Foram sinceros e avisaram que não é tão boa quando a de literatura. Mas tem um ótimo nível e eles estão satisfeitos. Nisso, a secretaria entra e informa que "a moça da tv" acabara de chegar. A moça entra para a gravação de uma matéria sobre alunos que se dedicam para o vestibular desde o começo do ano. Perguntou se poderia gravar uma parte de uma aula. O diretor disse: "Grava a de Literatura desse cara aí. É a melhor do estado. Ele é o melhor professor de Literatura do estado." Nunca ouvi de um profissional um elogio tão intenso. Claro que meus alunos me chamam, sem razão, de o melhor professor do mundo. Mas são meus alunos. Dentro do meu colégio, dos meus cursinhos. O dono de um cursinho, assim, publicamente, me elogiar para alguém da imprensa. Ela entrou, gravou, enfim, foi tudo ótimo. Mas fiquei orgulhoso sim. Chamei-o de exagerado. Ele falou que procurou em todo o estado e sabia do que estava falando. Se havia ainda o que melhorar em Gramática, em Literatura não. Lembrei do ex professor de Literatura da minha ex namorada. Ela o idolatrava. Uma menina que estudou no mesmo colégio que ela, também teve aula com ele, e hoje está na federal onde estudo, também. Diz que ele é o responsável por ela fazer Letras. Eu nunca vi a aula dele. Mas certamente não devo ser melhor que ela por exemplo. Honestamente, me acho melhor que o professor de Literatura da maior rede de ensino da minha cidade. Assisti a aula e abordei aspectos que caíram na prova do vestibular e que ele passou em branco. E tenho mais carisma. Mais intimidade com os alunos. Isso não é uma competição. Mas saber que não sou um profissional medíocre é importante. Pra mim ao menos. E só posso usar de parâmetro os melhores. Acho que tenho e devo melhorar mais. Mas em 9 meses cresci mesmo.Li e comprei obras importantes. Me concentrei em mim. Investi no meu estudo. E agora estou colhendo os frutos. Quero crescer mais. Quero que o elogio seja de fato real. E que eu seja merecedor dele.

Das relações perigosas.

O professor mais popular de um colégio inteiro. Não é uma opinião. É um fato. O "tio" querido e amado do sexto e do sétimo ano( as duas turmas que sou regente). Dono das brincadeiras, das aulas de vídeo, das piadas. O que resolve problemas. O parceiro do oitavo ano. O regente dos formandos do nono ano. O professor amado do primeiro. O coração do segundo, também sob a minha regência. Tudo do terceiro.Sempre sonhei em ser esse tipo de professor. E sempre soube que isso me traria algumas consequencias. Minha ex namorada vivia dizendo que TODAS as minhas alunas iriam se apaixonar por mim quando eu desse aula. No cursinho eu tive uma amostra disso. Claro que não TODAS.Algumas. Poucas. Mas um número maior do que eu esperava.No colégio, nunca imaginei ter esse problema. Pra mim sempre foi o reduto do meu amigo, o professor de matemática. O lindo. E ele é mesmo. Por dentro e por fora. Com uma grande ressalva em relação a mim: Ele tem 22 anos apenas. Ou seja, as meninas são loucas por ele. Ele divide esse eleitorado com o professor de química, também meu amigo. E o amigo que mora comigo, que agora dá redação lá no colégio. Ano passado, apenas duas se mostraram "apaixonadas" por mim. E isso  muito me satisfez. Nada serve para o meu ego ( e olha que sou egocêntrico) essa adulação das alunas.Mas esse ano nao sei explicar o que aconteceu. O fato é que a explosão da minha popularidade, fez nascer em muitas meninas ( e dessa vez muitas mesmo) uma "paixonite" aguda por mim. Muitas deixam o sentimento quieto,como devem fazer. Eu tenho 33 anos. A mais nova dessas meninas, tem 14. Mesmo a mais velha, tem 17. E eu sou o professor delas. Se não crio ( talvez erradamente) a distância adequada que faz com que aquela relação de respeito seja perene entre todos nós, ao menos deixo claro sempre que nunca farei nada com nenhuma delas. Por todas as razões possíveis. Todas têm idade para ser minhas filhas. Sou professor. Não quero ser demitido, muito menos preso. Embora a grande maioria seja de meninas muito bonitas e que algumas provocam mesmo, isso passa longe de mim. Alguns amigos sempre falam, erradamente que eu deveria me "aproveitar" da fama. Absurdo por completo. Mesmo a alegação deles, que minha ex namorada tinha 14 anos quando ficamos, é válida. Não tenho mais 25. Com 25 já era errado. Mas não tenho mais aquele jeito de menino. Aquele ar despreocupado de garoto. Eu era um nada com 25 anos. Completo. Hoje sou professor de dois cursinhos. Um colégio. Coordenador de um curso pré vestibular comunitário. Cheguei tardiamente ao mundo dos adultos. E adulto não se aproveita de crianças. Já tenho tantos alunos adicionados no Facebook por exemplo, que criei um grupo só para eles. Assim eles não leem minha vida pessoal. Tem a parte de fotos deles inclusive.Aquele tempo que eu ficava com meninas de 14 anos, outro era. E não querendo justificar, mas na época minha ex namorada já era mais madura que muita menina do terceirão. Não é com alunas que eu encontrarei um amor pra mim. Não há tentações, vontades, nada. Há preocupação que a relação traga pra minha vida mais falatório do que já tem. Não quero essa fama. Quero me tornar um profissional respeitado. Quero ter orgulho do trabalho que faço. Mas quero marcar a vida dos meus alunos. Quero que eles lembrem de mim depois que acabarem esse ciclo. Não a lembrança de "fiquei com o professor", essa nunca terão. Mas a lembrança de que eu os marquei. De que aprenderam comigo. As relações são perigosas. Mas são gratificantes.

domingo, 11 de março de 2012

Falha!

Quando meu namoro terminou, o desespero, a vontade de morrer, me matar, durou muito tempo. Algumas coisas foram preponderantes para que tal sentimento se arrefecesse: O cursinho comunitário talvez tenha sido a maior delas. E por uma razão simples. Toda a minha carência de atenção e vontade de ser protagonista em tudo se realizou ali. Não, não é só um trabalho de humildade não. Não há porque mentir aqui. Ali sou O astro. Dono da aula mais esperada. O poderoso criador, idealizador e coordenador do projeto. Respeito máximo dos amigos e colegas que dele fazem parte. Adoração dos alunos. Um ambiante criado quase como uma ode a um cara cujo maior defeito é o egocentrismo. Além do mau caritismo latente, é evidente. 
Mas não foi "apenas" isso que fez com que a vontade de por fim em tudo, diminuísse e sumisse, como hoje em dia. Pouco depois do término, eu me comprometi com mais dois projetos sociais. Um com crianças com HIV e outro como palhaço ( literalmente) para crianças com câncer. Foram mais ou menos dois meses de um e um mês de outro, até eu parar de ir. Poderia pegar pesado comigo mesmo e dizer que a razão pela minha saída foi justamente em nenhum desses lugares eu ser o protagonista. Mas ninguém é. Os protagonistas são as crianças que precisam de nós. Ainda há altruísmo em mim. E verdadeiro. O grande problema foi a agenda, que foi enchendo, enchendo, tornando praticamente impossível dar sequencia a esses projetos. Eu falhei. Conquistei algumas crianças e comuniquei as pessoas responsáveis que não mais iria. O que isso diz a meu respeito? Não posso nem me apoiar em minha "mola pública", Já faço parte de um projeto social, o que uma coisa tem a ver com a outra, não é mesmo? Nada e coisa nenhuma! Poderia ter organizado mais a minha agenda pra ajudar a cuidar de quem fez tanto por mim. Muitos sábados a tarde ou domingos no almoço, quando eu não tinha ninguém para conversar, ou me dar um abraço, era com eles que eu contava! Era deles que eu buscava carinho. E as pessoas, elogiando minha atitude: "Tu faz tão bem para elas..." Se soubessem que eram elas que faziam para mim...eu era só um cara patético...Sem nada, ninguém, me aproveitando, como sempre fiz na minha vida, da carência alheia...Elas é que me ajudavam...ajudaram!
Hoje o dia está cheio. Mesmo. Ontem eu passei o dia em duas reuniões. Na parte da manhã e pedaço da tarde, com meus amigos do curso pré vestibular comunitário. Era a parte dolorosa do projeto. Eliminar pessoas. Só temos 120 vagas e mais de 500 inscritos. Julgar quem de fato precisa é duro. Mas fazemos, porque precisamos. Na segunda parte da tarde, reunião pedagógica do cursinho pré vestibular que darei aula. Começa amanhã. Minhas aulas serão ás sextas feiras. Fazendo com que meu dia "clássico" no pré vestibular que coordenado, mude. A noite, uma cervejinha para relaxar com os amigos. No shopping perto de casa, e repleto de olhares pros lados. Sempre procurando. Sempre com medo. Acho que nunca deixarei ter. Com tudo isso, o dia de hoje está repleto de coisas. Provas do primeiro e segundo ano para corrigir. Aulas dos dois cursinhos para preparar. Aulas da semana dos meus alunos do colégio. Mas ainda assim, ás 10horas da manhã, resolvi ir na casa lar, para crianças com HIV. Impelido pela consciência, pela saudade e pela obrigação moral. Ao ligar ainda pouco perguntando se poderia almoçar com eles, ela me disse que serei sempre bem vindo! E aí, num dia que acordei de baixo astral, cansado da semana longa e trabalhosa que tive, isso me fez um bem, mas um bem...Vou para lá. E vou sorrir. E quero fazer sorrir também! Bom dia!

Daquilo que se sonha.

Ter sonhos com ela não são mais frequentes. Se antes era todo dia, agora são apenas 2, 3 no máximo por semana. De alguns eu lembro só quando acordo. Alguns raros ficam na minha cabeça o dia inteiro. Essa noite foi um deles. Sonhei que ela me chamou para um almoço em família na casa dela. Era alguns desses mundos paralelos em que continuamos amigos depois do término. Brinquei com meus cachorros. Horas e horas. E no sonho pareciam horas mesmo. Falei com meu ex sogro de futebol, política. Bati um papo com minha ex sogra. Tivemos a conversa que ela quis ter mas desmarcou, provavelmente porque foi pressionada por alguém. Apesar de sermos amigos, parecia realmente que era a primeira vez que eu ia na casa dela em meses. No almoço, o namorado chegou. Me cumprimentou como se amigos fossemos. Sentamos na mesa. Silêncio. E a família se voltou para mim para anunciar:  Eles estavam noivos. Eles iam se casar agora, no meio do ano, após a formatura dela. Olhei para eles. O cachorro maior deitado no chão, recebendo carinho na barriga, feito por ele. O menor, também no colo dele. Ela abraçada a ela. A família me olhando radiante. E eu olhei, abracei ambos e desejei toda a felicidade do mundo. Simples assim. No carro ( sim, eu já tinha carro, deve ser porque planejo comprar um, logo) eu chorei amargurado. E aí acordei. Acho que me coração sente as coisas. E sente que em breve isso vai acontecer. Sem nenhuma restrição da família. Pelo contrário, com todo o orgulho do mundo. Afinal, status é tudo. Mas...deixando a amargura de lado, felicidade é tudo. E é bem evidente que ele a faz feliz. E se faz...bom...que assim siga. Se eu não encontrei ainda minha felicidade, se minha alegria é fugaz, se a dor me martiriza e a culpa me assombra dia a dia, eu mereço por mais fatores que poderia listar. Eu devo seguir. Parar de me apoiar em outros e seguir! Deixar o efêmero de lado. Ir adiante. Ser duradouro e constante em minhas atitudes em meus momentos alegres. Vivo de ser passageiro em meus melhores momentos. Que escapam por entre os dedos. E em momentos como hoje, me escapam por entre os dedos...

sexta-feira, 9 de março de 2012

Nem tudo é fácil.

Cecília Meirelles escreveu essa poema sobre tristeza e com suas inebriantes palavras, nos mostrou o quão difícil pode ser seguir em frente. Hoje, dia nublado na alma de tantos alunos, na minha, por lembranças que jamais foram embora, é ele que compartilho com vocês:


NEM TUDO É FÁCIL!


"É difícil fazer alguém feliz, assim como é fácil fazer triste.
É difícil dizer eu te amo, assim como é fácil não dizer nada
É difícil valorizar um amor, assim como é fácil perdê-lo para sempre.
É difícil agradecer pelo dia de hoje, assim como é fácil viver mais um dia.
É difícil enxergar o que a vida traz de bom, assim como é fácil fechar os olhos e atravessar a rua.
É difícil se convencer de que se é feliz, assim como é fácil achar que sempre falta algo.
É difícil fazer alguém sorrir, assim como é fácil fazer chorar.
É difícil colocar-se no lugar de alguém, assim como é fácil olhar para o próprio umbigo.
Se você errou, peça desculpas...
É difícil pedir perdão? Mas quem disse que é fácil ser perdoado?
Se alguém errou com você, perdoa-o...
É difícil perdoar? Mas quem disse que é fácil se arrepender?
Se você sente algo, diga...
É difícil se abrir? Mas quem disse que é fácil encontrar
alguém que queira escutar?
Se alguém reclama de você, ouça...
É difícil ouvir certas coisas? Mas quem disse que é fácil ouvir você?
Se alguém te ama, ame-o...
É difícil entregar-se? Mas quem disse que é fácil ser feliz?
Nem tudo é fácil na vida...Mas, com certeza, nada é impossível
Precisamos acreditar, ter fé e lutar
para que não apenas sonhemos, Mas também tornemos todos esses desejos,
realidade!!!
"

As dores dos outros.

Foi um dos piores dias no colégio desde que eu dou aula lá. E não foi porque é dia 09. Ao chegar para primeira aula da manhã, descobri com enorme pesar que o pai de uma aluna minha faleceu num acidente de carro nessa madrugada. O colégio é uma enorme família. Com uma turma só de cada, cerca de 35 alunos por sala, quase todos se conhecem. E se gostam. Logo, não havia clima para aulas. Uma parte grande dos alunos foram até o velório do senhor que morreu. Alguns professores também. Coube a nós, os mais empolgados, lidar com a dor dos que ficaram. Foram abraços carinhosos, palavras reconfortantes e a invenção de uma série de atividades que fizesse com qu eles relaxassem e pensassem, temporariamente, em outras coisas. Sei que fui fundamental nisso por tudo que cerca essa minha inusitada personalidade. E sei que agradei em cheio com tudo que fiz. É um daqueles dias, em que apesar da dor, saí satisfeito comigo mesmo. 
As perdas são complicadas. Se nem nós, mais experientes, conseguimos lidar com elas, imagina uma menina de 16 anos. O mais doído foi ter lembrado que ano passado a reprovei em Literatura. Para compensar, esse ano, por alguma razão, sou seu professor favorito. Ontem dançamos inclusive na sala. Ao encenar uma cena de um seriado. Mandei meu carinho para ela de todos os meios possíveis. Motivos profissionais me impedem de ir até ela. Ainda assim sinto muito o que aconteceu. Quando outros tem uma perda tão significativa,  e incomparável como a perde de um pai amado e presente, a NOSSA própria dor fica meio fora de foco. Fica longe da realidade. Tomara que esse menina se recupere. Que ela siga a vida brilhate que tem pela frente. Que Deus a abençoe. Muito mesmo! 

Os dias ( 9 ) vão...

Os dias vão. Não mais lentos. Não mais enfadonhos. Não mais melancólicos ou depressivos. As alegrias estão presentes intrinsicamente nos dias. Os sorrisos não são mais raros. Pelo contrário, se fazem presente por inteiro. Mas ainda assim...vão! Os dias vão passando e muitas vezes nem percebemos que o tempo, esse aliado, esse inimigo, esse bipolar, vai colocando sua marca indelável nas consequencias e nas causas. Dia 09. Faríamos 7 anos e 10 meses de namoro. O que significa dizer que estou entrando no 10º mês sem ala. Nós nunca completamos 7 anos e 1 mês. Ficamos juntos por 7 anos, alguns dias e fim! O fim que foi tão difícil de aceitar. O fim que me levou na época a dizer para ela que sairia da faculdade. E quando eu disse que sairia eu nem pensava nisso.Não pensava em nada. Era só o desespero. Era só a saudade. Era só ela me fazendo falta. 
Falta. A falta justifica tudo na nossa vida. Justifica aquela tristeza que do nada vem. Justifica as dores que se multiplicam nos dias como hoje. Justifica as lágrimas, que escorrem sem razão. Sem porquê. Alias, tem um porquê! Tem a falta! Muita falta! Se eu pudesse traduzir em palavras a falta que me faz...Mas não sei. Não me faz falta uma vez no dia. Me faz falta em todos os dias! Me faz falta com dor. Com culpa e com tudo que vem. Não só no dia 09. O dia 09 é uma lembrança constante do que foi perdido. Que não será reposto. Que foi fim. Que deu. Mais um dia 09...

quinta-feira, 8 de março de 2012

Doce Cansaço!

Esgotado. Em plena quinta feira. Praticamente sem voz. Com olheiras. Com algum sono. Dor em partes do corpo que nem sabia que poderiam doer. E muito, muito contente. É o melhor cansaço que já senti na vida. É fruto do trabalho que mais gosto de fazer e que desempenho com todo amor que tenho e mais: Dar aulas. Minha estreia na cidade nova foi tudo que eu sonhei e mais. Ótimo cursinho. Maravilhosa turma. 28 alunos. 26 prestarão vestibular para Medicina. Um para Direito e outra para Odontologia. A primeira aula foi na terça feira. A cidade não é pequena, muito pelo contrário e se localizar deu trabalho depois das quase 3 horas de viagem. Cansativa viagem por sinal. Mas otimizei o tempo, corrigi provas, prepararei aulas para o dia seguinte. Cheguei ao local relativamente com facilidade. Fui tratado como se fosse a grande contratação da casa. A apresentação aos alunos foi feita pelo própria diretor. Passou um filme na minha cabeça, ao me ver ali, diante de uma plateia tão seleta e intensamente interessada no que eu tinha a dizer sobre Literatura. Sérios. Cada um com o seu caderno e seu tablet ( onde minha aula já estava inserida há 48 horas ) na mão. Tudo que eu falava, eles anotavam. Pedi pra largarem suas coisas e olharem para mim. E falei olhando para cada um deles. Tentei humanizar aquele ambiante com as mais variadas piadas.Algumas entraram fácil, outras nem tanto...outra cultura certo? Mas, ao longo de quase duas horas, fui entendo-os melhor e eles a mim. E a todo momento, foi possível criar já no primeiro dia, uma cumplicidade que já é interessante, para a relação professor-aluno. Tudo era novo lá. Ganhei meu tablet. A bela camisa pólo do Curso. Minha aula foi gravada e assistida ao vivo pelo Diretor, pelo dono e também pela orientadora pedagógica do colégio. É outro nível de ensino e até de certa forma, acima do que eu estou habituado. Na saída de lá encontrei meu amigo, o único da minha antiga lista que me resta ( aquele que ela e eu somos padrinhos de casamento) e saímos para celebrar a vitória. Nossas vidas, em outra cidade, longe de casa. Batemos um animado papo, mas sem profundidade. Não era nem a intenção. Peguei o ônibus lá meia noite. Semidireto.Nele, revisei cada pessoa que eu devia aquele momento. A professora de Física. Amiga da amizade extremecida. Mas minha "madrinha." Cada aluno que tive. Que fez minha fama. Que lota meu Facebook de elogios. O colégio onde dou aula.Que confia tanto no meu trabalho. Que me deu a cadeira inteira de Literatura. Gramática para as crianças. A cada amigo do curso comunitário que criei. O orgulho da minha vida. Minha maior realzação. E a ela...sempre a ela...E aí, claro, o choro veio fácil. Mas não convulsivo, desesperado..nada disso. Um choro triste, sentido, intenso. E que deixei vir por quase 5 minutos. Quando percebi que não era dia para ficar triste. Era dia de alegria.
 Cheguei em minha cidade e era quase 01h da manhã. Peguei um taxi, fui para casa. Tomei meu banho, e caí na cama. No dia seguinte,06hs da manhã estava de pé. Indo para o colégio que tanto amo. Dei aulas felizes, intensas. Fiz provas com duas turmas. Almocei com meu amigo, o professor de matemática e fui pegar o ônibus para repetir a rotina do dia anterior.Foi perfeito também. Foi mais aula dessa vez. Gramática né? É bem diferente. Novo encontro com meu amigo e dessa vez sim um papo mais intenso. Falei para ele que vi o Face dela. Completo. Que sei aniversário de namoro, acompanhei as primeiras menções de ambos na rede social. O quanto pareciam se amar. Os amigos, que em suas homenagens ao casal, aproveitavam para me espizinhar. Diminuir. Ele ouviu tudo atentamente. Como sempre. Não disse muitas palavras, mas o senti ali. Falamos de amizade.De nós dois.De nossos anos juntos. Relembramos grandes momentos da vida que tivemos no passado. Após isso, peguei o ônibus e voltei para casa. De novo à 01h da manhã. Hoje estava programado que eu desse apenas três aulas. Por conta da falta de dois professores, dei 5. Vim para o orgão onde faço estágio e aqui ficarei até ás 20hs, colocando o serviço em dia, ensinando meu substituto. Após, temos reunião do cursinho comunitário, que não deve acabar cedo. Nunca estive fisicamente tão esgotado. Tanto que nem fui na primeira semana de aula da faculdade. Exceto no primeiro dia e talvez amanhã. Mas esse cansaço todo que estou sentido, essa falta de tempo pra tudo, é minha mola mestra pra minha vida melhor. Pra esquecer tudo que fiz. E quem sabe, um dia, finalmente superar.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Desafio.

O desafio é imenso. Outra cidade. Uma das maiores do estado. Dona de uma das mais esperadas festas do país. Colonizada por um povo exigente. E eu lá. No meio deles. Contratada como professor. É amanhã. Primeiras aulas, às 16:30. Três aulas direto. E dessa vez sem "amparo." Sem o aconchego de olhar pro lado e verificar que estou cercado de amigos. Os meus alunos de sempre. Será uma nova cidade e consequentemente um novo momento na vida. A sensação é de que finalmente cheguei "lá". Ainda não é o que quero. Ainda não é o máximo. Mas já é o maior que dei até agora na minha vida...E pensar que há 9 meses atrás, tudo isso era um sonho distante. Impossível de se realizar. E hoje é palpável. Eu sou professor MESMO! É do que meus alunos me chamam. Sou procurado por grandes colégios. Grandes cursinhos. Disputado até. Amado por meus alunos. Mas...nada disso me preparou para esse momento de certa forma. A hora de ir lá e dar aula numa região e para um povo diferente do meu. Não é medo que eu sinto. Sou cara de pau. Amanhã sei que pegarei o ônibus, irei, darei minha aula, e farei isso bem. Mas o frio na barriga sabem? Está aqui presente. Aquele frio que pouquissímas pessoas no mundo saberiam amenizar. E que uma só, saberia mandar embora.Ela. Essas são algumas  das horas que ela faz mais falta.A hora da vitória. Da celebração. Em 7 anos de namoro ela me viu ser demitido de alguns serviços. Entrar em outros paliativos. E em todos comemoramos. Comemoramos cada salário de R$600,00 que eu iria ganhar.Isso com ela segurando a maior barra. Sabendo o quanto isso de certa maneira "envergonhava" a família exigente dela. Lembro que quando perguntavam a minha ex sogra  o que eu fazia, ela ficava com uma vergonha...28,29,30,31 anos....e ele não faz nada. É office boy do meu marido. Trabalha como estagiário de um orgão público...Tem uma bolsa estágio na universidade( certamente não passa pelos mesmos constrangimentos ao apresentar o novo genro, bem sucedido)...E agora, eu sou o cara de dois cursos pré vestibulares grandes, um colégio legal...um projeto social que me orgulho mais que tudo...Ganho bem o suficiente pra sustentar duas casas e ter meus momentos de lazer e até alguns luxos...Como ela encararia cada uma dessas vitórias? O que ela diria desse momento? Certamente celebraríamos só nós...como sempre fazíamos...comendo o queijo derretido que ela tanto amava...uma carne gostosa, uma ida ao shopping, ou só na nossa intimidade...E se a felicidade dela era contagiante por coisas tão infímas...eu imagino como ela estaria hoje...NESSE momento especial. Com a estabilidade financeira recém adquirida. Estabilidade empregatícia também...Ela perdeu todos esses momentos especiais. O desafio não é só iniciá-los, mas também vivê-los só. Quer dizer...só não! Meus amigos vibram a cada conquista!Celebram! Cantam! Se dizem meus fãs pela virada na vida! Mas independente disso, há o vazio, e o desafio pessoal, que não supero. Nunca!

domingo, 4 de março de 2012

Popularidade.

A popularidade sob diversas circunstâncias é um fardo. Um fardo porque as pessoas te colocam num pedestal inexplicável. Diferente do projeto social onde dou minhas aulas, em que TODOS os professores sabem da canalhice que fiz ( e até alguns alunos), no colégio onde sou contratado, isso não acontece. Não poderia fazer isso com crianças de no máximo 17 anos. Logo, lá, meu apelido é "O melhor professor do mundo."  Mais querido, festejado, abraçado, idolatrado, de todo o colégio. O regente de 4 turmas e que não é de mais porque não quer ser e nem pode. A última sexta feira foi prova disso. Eu nunca tirei tantas fotos quanto naquele dia, acho. O Facebook me enviava notificações a cada minuto. Uma nova atualização com meu nome aparecia a todo instante. Elogios em profusão. Mas eu não tenho exatamente orgulho disso. Muito pelo contrário. Eu fico pensando, se reunisse meus quase 400 alunos no teatro e explicasse minha história. Contasse os horrores que fiz...quantos ainda teriam essa admiração exacerbada? Poucos. Porque ninguém compactua com um mau caráter. Alguém que fez tanto mal. Ao menos, não alguém bom. Então, a cada novo elogios, sinal de afeto, adoração e até em alguns casos extremos, amor, eu não me encho de orgulho. Eu penso. Penso e imagino o que seria de mim se eles soubessem a verdade? Quanto tempo demorariam para me escorraçar da vida deles? Merecidamente? Não sei. Muito ou pouco, tanto faz e não importa muito. O fato é que me tirariam. A popularidade é uma constante lembrança sim do que eu fiz. Minhas aulas no youtube, repleta de elogios é uma opressão. E de certa forma, incomoda os outros professores. Que trabalham bem, que lutam, que estudaram, mais que eu até, para chegar onde chegaram e não tem esse reconhecimento. Exceto com meus amigos, que coloquei lá dentro, ou que já estavam é correto afirmar que não gozo da mesma simpatia do quadro docente do colégio. E isso é evidente. Um professor assim querido e próximo dos alunos, causa ciúmes. Que é outro sentimento que eu não gostaria de causar. Não trabalho para ser o professor mais popular do colégio. Trabalho para ser um bom professor e só. De bom grado, daria esse fardo para outra pessoa. É duro de carregar. Porque a lembrança vem fácil com ele.

Nunca melhora.

Em dados momentos, parece que vai passar. Mesmo. A dor é menor. A vontade de chorar é inexistente. E relembro até com certa alegria nostálgica tudo que vivi nos meus tempos com ela. Não dói. Mesmo. Aí, basta um nadinha, pra eu desabar de novo. Uma perda do controle da situação. Um misto de choro, dor, repugnância comigo mesmo. Basta lembrar. Assim é agora que descobri que é possível ver o Face dela, pelo da minha amiga que mora comigo. Basta o computador sozinho na sala, que eu não resisto. Vou até lá. Abro, e fico olhando. O dela. O do namorado. E invejo o amor deles. E lembro do nosso. Foi assim no dia 29. Vi com toda a tristeza do mundo. E desabei. Desabei como se o mundo tivesse terminado. Foi durante 5 minutos. E foi o fim. Sozinho, no quarto, decidi não chorar e depois de meses, tomei o remédio para dormir. Ele que estava quase que esquecido em casa. Não queria viver a noite de pesadelos que se avizinhava. Dormi antes das 22:30. Não aceitei conversar com ninguém. Dormi e dormi muito. Com lágrimas nos olhos e tristeza no coração. Acordei arrasado. Triste. E fui dar algumas das piores aulas da minha vida. Notadas por alunos. Vocês sabem o que eles fizeram? Me encheram de carinho. De amor. De abraços. De beijos. E aí, em dado momento do dia, foi impossível permanecer triste. Mas fiquei de todo jeito mal. Porque essas crianças, todas com idade para ser meus filhos, me amam. E viraram minha boia. Viraram o que eu uso para seguir adiante. Minhas aulas e meus amigos. Tudo que eu tenho. O que de mais precioso eu consegui em 2011 e agora em 2012. Minha virada na vida. O dia foi voltando a normalidade ao longo dele mesmo. Tive provas para preparar. Serviço para terminar. Treinar meu substituto no estágio. Enfim, coisas e mais coisas que foram aos poucos atenuando aquela dor. O sono da noite veio fácil. Tranquilo. Pelo menos até a próxima dor. Sei disso. Porque melhorar, melhorar de verdade, isso nunca! Eu sei.