segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Ser e estar.

Existe uma grande diferença entre ser triste e estar triste. O estar,claro, é momentâneo, e pode acontecer por uma razão ou por outra.Uma briga com um amigo, amiga, namorada, mãe, pai. Ser triste é diferente. É um estado permanente, permeado por alguns momentos de alegrias. Não sou alegre. Sou no raso, uma pessoa triste. Tão triste que ás vezes tenho preguiça de existir. De ser eu. De seguir em frente. Claro que em muitos momentos achamos que vamos conseguir. Mas no fundo não conseguimos. As lágrimas vem do nada. Como hoje no ônibus. Eu ia para a escola. Tranquilamente.Nada me chamou atenção especificamente. Estava lendo um livro e só. E do nada comecei a chorar. A ficar triste. A relembrar daquele sorriso gigante, daqueles olhos imensamente expressivos, daquela voz alegre, daquele jeito hiperativo e de tudo que me fazia bem. Foi complicado tomar fôlego, e ir para a aula. Fazer meu papel de professor. Aplicar prova. Entregar trabalhos. Passar matérias novas. Mas era preciso faze-lo e o fiz. Com profissionalismo extremado diga-se de passagem. Me senti orgulhoso ao ser chamado pelo terceirão para tirar fotos com eles para a formatura. Ao conversar com pais de alunos da sexta série que diziam que o filho hoje adora português por minha causa. É gratificante e na vida que levo deveria bastar. Não bastou. Na viagem de volta, novas lágrimas. Novas duras. Até a universidade para a reunião da bolsa foi difícil. Passar em frente a calçada "dela" foi um tormento que me trouxe mais e intensas dores. Chorei convulsivamente. Irônico é que não faz nem uma semana que passei dentro do estacionamento que fica o carro dela e passei com coragem e força e hoje desabei, volto a dizer, sem nenhuma razão. Após a reunião da bolsa, vim para casa. No caminho fiquei cerca de 30 minutos fazendo carinho no cão que mora perto do ap, que já contei á vocês, que tanto lembra o meu. Eu quase conversava com o cão. Chorava e ele lambia minhas lágrimas através do portão. Um cachorro. Eu nem sei o nome dele. Ele não é nem exatamente parecido com o que eu tinha. Mas era a única coisa que eu tinha naquela hora. E eu aproveitei para deixar as lágrimas virem com a força que deveriam. Ao voltar para o apartamento, sozinho, pude sentir a imensidão da solidão que senti e o vazio em cada parede. Dia 28 é meu aniversário. E será um aniversário totalmente dos últimos, não 7 mas 15 anos. Afinal antes dela, eu tinha uma vida legal com o pessoal da igreja. Cheio de amigos. Ao longo dos meus aniversários me fizeram várias surpresas. Depois eu namorei outras meninas, que também me encheram de mimos. E aí chegou ela. Que mudou para sempre meu conceito de "feliz aniversário". Ela me ensinou que nenhum dia é mais importante que esse. Que é a nossa data que mais deve ser celebrada...dia 28 vem aí...e ela não estará...não ligará, mandará mensagem, email, nada. Meus amigos de antes não estarão. Minha amiga...minha mãe não sabe usar o celular...logo, também não falarei com ela, pois minha irmã não permitirá. Será um dia extremamente infeliz...33 anos...valeu a pena te-los vividos? Eu nunca estive tão sozinho quanto estarei no meu aniversário...
De todo modo, estava triste demais em casa e resolvi seguir o conselho da minha psicóloga...fiz algo produtivo...tarefas da faculdade, terminei um livro, lavei roupa, passei roupa, limpei boa parte do apartamento, fiz minha janta, preparei aula...tudo, tudo para a imagem da dor ir embora da minha cabeça. Agora estou aqui. No escuro...chorando...desabando...tendo que encarar seis aulas amanhã...das 07 ás 12...mais estágio e mais a aula a noite...ou seja...um dia longo, que passará rápido, mas que não tenho a menor ideia de como vive-lo. Hoje, segunda feira, eu estou cansado de viver. E por mim, pela minha vontade, nem faria mais isso.

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