quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A bóia.

Quando eu comecei a dar aulas no projeto Pré Vestibular Comunitário, lembro o bálsamo que foi. Aquelas quatro horas que lá passava, era o momento mais esperado da semana. Vocês que me leem aqui desde o começo viam a alegria em ir dar aulas substituindo outros professores, e como isso ajudou a seguir em frente. um pouco, mas ainda assim seguir...hoje o projeto está mais organizado, conta com uma equipe maior e melhor, enfim...minhas aulas são apenas ás sextas á noite. É um momento muito esperado, porque aquela turminha já é importante na minha vida. Desde o mês passado, eu fui contratado para dar aulas num colégio particular na cidade vizinha a minha, a mesma cidade da minha ex namorada...as cidades são tão juntas que mal dá pra dizer que são diferentes...Ser o professor titular de Gramática para o Ensino Fundamental e Literatura para o Ensino Médio de todo o colégio me deixa muito contente. Eu dou aula de segunda a quinta feira. 5 por dia. Exceto ás terças em que dou 6 aulas. E aquelas aulas tem sido minha bóia. Aquilo no que me apóio. Preparar as aulas, corrigir provas, trabalhos, preparar o que será entregue...tudo isso faz com que a dor se suazive durante aquele período. E durante essa semana a dor tem sido intensa. Não tem me dado paz. Depois dos 10 dias sem chorar tenho chorado todo dia. Lembrando do vazio, da dor, da tristeza, da culpa, dos erros, dos acertos e de ser arrancado da vida de quem mais amo. Eu tentei me recuperar. Eu tentei ficar bem. Eu tentei parecer bem. Me mostrar forte. Mas é fato: Não sou. Sou fraco. Sou chorão. E não chorão que chora por qualquer coisa, que viu, ouviu ou sentiu. Sou chorão que chora por nada. Sem motivo algum. As lágrimas vem e lembro que perdi mais do que posso repor. E lembro que não terei mais ninguém. E lembro que hoje em dia sou muito pouco amado. Pouco querido. Pouco gostado. Não conto alunos. Claro que não. De pessoas que fazem parte da minha vida? Meus amigos com quem moro, dentre eles meu melhor amigo. E a amiga que fiz graças a esse blog. Minha mãe, e mais ninguém. E não estou exagerando. Essas são as pessoas para as quais eu faria uma genuína falta se amanhã morresse. Coisa que pedi ontem pra acontecer em meio a intensas lágrimas. Chorei tanto que cheguei a passar mal. As pessoas não entendem, a dor é física. Dói mesmo. Dói por dentro. Você literalmente se afoga nas lágrimas. Aí, sem opção de abrigo, onde vou procurar? Nas minhas aulas. Nos meus alunos. É impressionante que em pouco mais de um mês eu já os tenha conquistado dessa forma. Já sou o professor predileto de várias salas. Amanhã todas as turmas estão preparando antecipadamente uma festa de aniversário para mim. Na realidade seis turmas. Claro que dá orgulho. Dúvida também vem. Porque não é mesmo? Não sou ainda esse professor espetacular. Sou bom. Mas não sou tanto assim. Sou engraçado. Mas não me sinto assim carismático a ponto de despertar isso em tantas crianças e jovens. No próximo feriado haverá um passeio, e meu nome não estava na lista dos professores que vão, porque o passeio já vinha sendo organizado bem antes de eu ser contratado. Mas por exigência dos alunos fui intimado a comparacer. E minha presença, segundo a diretora, dobrou o número de alunos que iriam ao passeio. Na semana passada, no aulão antes do ENEM no nosso projeto pré vestibular, tinha vários alunos de outros colégios, alunos de professores do nosso projeto em outros lugares. Todos esses professores sem excessão, diziam que na segunda minha aula era o assunto dos alunos...Não conto nada disso com orgulho, mas sim com espanto, com incredulidade. Não me sinto especial. Não me sinto diferente. Não me sinto abalisado teoricamente. Mas conquisto. E não é nem a conquista que me dá ânimo, claro que motiva, mas sim o fato de seguir dando aulas. Se eu desse mais 10 dessas por dia, ao menos veria minha vida com mais propósito. Porque ela está vazia. Apoiada em uma única bóia. Bóia essa que se esvaziará no período mais difícil do ano: Natal e ano novo. Se meu aniversário, cercado desses alunos que estão fazendo, em vão, tudo para que eu me sinta bem, já está me destroçando, imagina em Dezembro...sem alunos, sem meus amigos que irão para suas casas e famílias em outras cidades...sem minha mãe, que passará na casa de minha irmã casada, para onde não estou convidado...Eu tenho medo do que virá. Do que farei, em meio a depressão. A tristeza, a dor, o vazio, bateu e dessa vez ficou!

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