sábado, 22 de outubro de 2011

Lugares.

Ontem, ao término do aulão, pela primeira vez fui chamado pelos meus alunos do colégio para um programa com eles. Junto com outro professor do colégio aceitei. O local? Uma pizzaria que muito frequentei com minha ex namorada. O primeiro lugar que a levei para jantar. O primeiro lugar onde ela foi levada para jantar por outro homem. Lembro que os olhos dela brilhavam. Como tudo era novo para ela. Lembro do quanto rimos naquela noite. Das flores que dei. Em dado momento ela se emocionou...Era muito, muito amor. Não foi fácil aceitar o convite. Pensei em pedir, já que era caminho, que meu amigo passasse em frente a casa dela. O que eu veria lá? Certamente meus cachorros na frente de casa. Olhando o movimento. O pequeno pulando feito um louco para cada pessoa que passasse por ele no portão, até quase dar com a cabeça no relógio de luz. O grande, deitado, lindo, aproveitando o ventinho, e sendo claro, muito perturbado pelo menor. Talvez minha ex sogra na garagem, lavando roupa. Talvez o carro do novo namorado na frente de casa, e os dois lá dentro curtindo uma noite à dois. Enfim...com essas imagens na cabeça, achei melhor não pedir...Meus alunos me chamaram porque a despeito de me conhecerem pouco, me acham divertido, engraçado, carismático, querido...e eu não seria nada disso se passasse na frente da casa dela. As lágrimas viriam... e mesmo feliz com a super noite de projeto do nosso aulão, eu tornaria tudo isso em pó. Fomos direto para lá...passamos na frente da locadora onde alugávamos nossos filmes e "brigávamos" porque ela queria as comédias românticas e eu os suspenses ou os de terror...lojas onde comprávamos roupas...e claro, o nosso primeiro restaurante...não havia um exato temor em encontra-lá lá...há anos ela não curtia esse restaurante...a gente normalmente acabava indo em outros perto dele mesmo...entrar no restaurante foi a melhor coisa, porque lá fora, a atmosfera, cheio de lugar onde já estivemos, o calçadão onde passeávamos, lugares que frequentávamos, estava me fazendo mal...lá dentro eu fiquei bem. Lá dentro eu me senti mais perto do que estou me tornando.Além dos alunos do colégio, meu amigo do projeto e eu convidamos os outros professores para irem junto conosco e alguns compareceram, deixando a noite mais agradável ainda. Me senti mais protegido. A maioria dos professores sabe o que fiz. Sabe o que era estar ali para mim. Para algumas pessoas é nada. É insignificante. Tenho certeza que ela, que é muito forte, lida bem com isso. Em estar no quarto que dividimos durante anos, agora com outra pessoa. Em ver o cachorro que me amava loucamente, agora no colo de outra pessoa. Em ir em lugares que eram "nossos" sem nenhum problema com outras pessoas. Eu não frequento esses lugares. Sim ,sou mais fraco. Sim, me sinto alquebrado quando isso acontece. A resistência é minada e a vontade de prosseguir inexiste. Não sou bom com essas coisa. Ainda. Andar pela universidade é penoso. Estar em lugares que frequentávamos, dói. Parece fácil, irrisório, mas não é. Só quem amou, literalmente loucamente e erradamente como amei, sabe o que é. Por isso, evito. Por isso fico em lugares sem chance de reencontro. Me sinto pronto, creio, para ve-la, para bater um papo. Mas não, ainda para encontra-la com o namorado por exemplo. Escolhi viver e retomar minha vida em lugares que são literalmente tábulas rasas, vazias, em branco. Para construir minha nova história, meu novo eu.
De toda a forma, lá dentro, protegido pelos que gostam de mim, sem olhar para fora, a noite foi agradabilíssima.Foi legal brincar de dar pontos na média pros alunos que comessem mais pizza. Foi divertido rir com eles, brincar com eles...foi um bom momento. Ao voltar para casa, passei na frente do antigo colégio onde estudava minha amiga...aquela com quem traí minha namorada...Bateu arrependimento e uma breve tristeza. Ao vir para casa, cansado, não demorou para dormir, em meio a uma das minhas séries. Hoje é dia da primeira comemoração do meu aniversário. Uma coisa mais exclusiva para o pessoal do apartamento. Só a gente mesmo, e bastará. Porque estamos cada vez mais juntos. E nesses momentos, é bom saber que pode contar com alguém.

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