sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Alegria perdida.

Eu nunca fui um aluno absolutamente dedicado. Vários foram os finais de semana que minha ex namorada passou estudando. E eu, mesmo com coisas pra estudar, ler, fazer, via filmes, séries, jogava bola, chamava amigos pra jogar vídeo game. Sempre me garantia na hora de apresentar os seminários e os trabalhos. Sempre tive uma didática incrível. Não tenho dificuldades em admitir as coisas nas quais sou bom. E sou bom em dar aulas. Muito bom mesmo. Ir pra faculdade não era exatamente uma alegria. Mas era prazeroso em muitos momentos. Eu tinha um trio e estávamos sempre juntos. Sempre vi aqueles dois como os meus grandes amigos e imaginei que nos momentos de dificuldades seriam os dois que me ajudariam. Um mais festeiro. Mais bagunceiro. Com algumas atitudes questionáveis para com as mulheres ( isso vindo de mim soa hipócrita, só agora que percebi) mas um cara de bom coração. Outro mais introspectivo, denso, adepto das conversas profundas que tanto me fazem bem em alguns momentos. Quando tudo aconteceu e minha ex namorada "ameaçou" contar a todos porque nos separamos de verdade, me senti impelido a fazer isso quase que imediatamente. Precisava saber se era verdade que os poucos que ficaram me deixariam mesmo sozinho. Olhando em retrospectiva percebo que isso não aconteceu imediatamente. A menina da sala da qual eu era  mais próxima "entendeu" o que houve e o mesmo aconteceu com minha dupla favorita. Eles salvaram meu semestre passado, me incluindo em trabalhos que eu não queria fazer, me ajudando a estudar pra provas, falando com professores por mim...até chegar as férias e nos afastarmos totalmente. Agi infantilmente, achando e desejando que eles viessem até mim. Que me procurassem. Talvez porque seria a atitude que eu tomaria. A despeito da minha canalhice, ninguém perto de mim, pelo menos alguém com quem me importe, fica sozinho em momentos de sofrimento. Sou chato.Ligo, mando mensagem, chamo pra sair. Eles não fizeram isso comigo. Em nenhum dia. Liguei algumas vezes. Liguei até chorando em momentos difíceis e eles não se importaram. Na volta as aulas não éramos mais amigos. Eles eram amigos. Nós três não eramos nada. A menina com a qual eu mais falava também se afastou de mim. Não é nada fácil conviver com quem faz o que fiz. Meu amigo mais sensível sempre falou que minhas atitudes para com minha ex e meus amigos o decepcionaram brutalmente.E mesmo o farrista, disse que para quem o julgava por conta das constantes traições eu era um tanto quanto hipócrita. Ele foi gentil. Eu era totalmente hipócrita. E assim, eu me vi sozinho na sala onde já fui de longe o aluno mais popular. A amiga, aquela que se matriculou nas disciplinas só pra ficar mais perto de mim também não fala mais comigo desde que fiquei com a aluna. Sento sozinho. Falo com os outros muito pouco. Os seminários e trabalhos semestrais estou fazendo sozinho. O lado bom é que agora leio. Li nesses meses de separação, tudo que não havia lido em 3 anos e meio de faculdade. Meu embasamento teórico que era fraco, hoje é bem razoável. Mas a alegria se foi. Conversei essa semana com meu psiquiatra sobre isso e sua visão é que a alegria da faculdade estava associada a minha ex. Era pra ela que eu fazia. Mesmo apaixonado por literatura. Por dar aula. Eu não era exatamente apaixonado por estudar. Era ( sou) apaixonado por ela. E materializava essa paixão indo pra faculdade. Os amigos eram consequência   disso. Com o fim do namoro, acabou-se também a alegria de ir para faculdade. No fundo, se pudesse dar aula só com a formação que tenho ficaria feliz. Por isso adoro esse psiquiatra. Ele realmente me entende. E sabe que é isso mesmo? A faculdade em muitos momentos era para ela. Pra família dela. E um ponto de encontro entre amigos. Sem ela, as amizades murcharam, até pelo que eu fiz com ela ( confirmando a previsão dela, de que ficaria sozinho se soubessem) e a alegria de ir para aquele local, acabou. Ando por lá muitas vezes com medo de encontra-la. De ver os amigos dela. De ser olhado de outra forma. Como realmente sou.Sento no meu canto, fico no computador. A diferença dos outros semestres? Leituras em dia. Todos os textos,livros, tudo. Inclusive as complementares. Me tornei um aluno melhor. Sem vontade de estar ali.Ali remete diretamente a um período da minha vida que não terei mais. Aquilo se quebrou. Bem como a alegria de ir para aquela universidade. É penoso. Entediante. Sacrificante. Vou, assisto, mas sempre olhando pro relógio. Volto sozinho para casa, passo na frente do local onde ela estuda. É noite sei que não vou vê-la. Dou uma olhada. Vejo o banco onde sentávamos. E sigo andando. Devagar, ouvindo música. E esperando de coração, que esse ano meio que falta para eu me formar, passe rápido. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário