Empatia é aquela capacidade que eventualmente muitos de nós tem de saber se colocar no lugar de outra pessoa. Quase sempre a empatia pode surgir de algo bom e feliz. Fulano comprou um carro. Ficou felicissima. Você compra um e também ficou feliz. Isso é empatia. Em momentos especiais a empatia vem da dor. E por conta do que sofro ( não do que fiz, embora saiba que foi o que fiz que define meu cárater) tenho constantemente me identificado com algumas dores, de pessoas que inclusive não são nem próximas de mim, ou até mesmo estranhas.Ontem e hoje isso aconteceu.Ontem uma pessoa que já é bem especial na minha vida, precisava de mim. Sofrendo com uma separação, viu que sua dor não encontra eco nos outros. É o que acontece com todos nós que ilimitadamente sofremos por algo, ou alguém. Não faz muito tempo e ouvi de um amigo: " Mas você não esqueceu essa mulher ainda?Que demora,4 meses já..." Que demora...Quem estipulou o tempo que demora para esquecermos alguém? Sim, ela recomeçou a vida. Sim, ela foi numa viagem super apaixonada, voltou, terminamos e menos de um mês depois ela já amava loucamente outro. Ela teve motivos para isso. Teve razões para obrigatoriamente me esquecer. Poderia ter mantido o sentimento já que era tanto amor? Poderia...mas não manteve. Quem manteria? Mas também tem aqueles que terminaram suas relações, deram tudo de si, foram honestos e acabaram vítimas de alguém que do dia pra noite pararam de amar...e a esses? Quem compreende? Fico contente, porque para essa pessoa, nessa situação especifíca eu estava lá. Não sabia muito o que dizer. Mas sabia o que ela sentia. Via a dor dela, porque era como a minha. Sabia que ela sentia o que sentia. E como ela sentia. Quando ela falava da vontade de morrer...bem...vocês me leem aqui quase que diariamente...sabem qual é a minha...qual é meu plano, minha ideia....o que farei...enquanto falava com ela, na sacada do prédio...olhava para baixo...media o estrago...as possibilidades....E o que era mais hipócrita? Estava convencendo-a a não fazer uma "besteira"...que ridículo...nem eu acredito nisso...Mas o papo serviu de alento para ela e aos poucos aquela voz desesperada, deu lugar a uma voz mais tranquila, sóbria e até animada. Fiquei contente. Não me sentia útil a alguém assim a algum tempo.
O outro momento foi hoje. Tem uma mentira, que para impressionar e mostrar a todos como eu era bonzinho eu sempre disse que fiz, sem nunca ter feito. Consolar na rua um estranho que chorava. Hoje ao voltar da aula que dou a tarde( ainda pouco) vi um jovem chorando demais no banco da praça. O primejro impulso foi passar direto. Passei, andei cerca de 20 metros. Voltei, me sentei ao lado dele. Ele me olhou com um olhar repreensivo que denotava uma imensa tristeza. Perguntei sem rodeios se ele não gostaria de conversar...E ele quis...Me falou que perdeu o emprego. Que não sabe como contar a mãe, que se sente um inútil aos 23 anos, pois não é formado, não tem emprego. Não tem namorada. Disse a ele que tenho 32. Que só agora trabalho onde sempre sonhei trabalhar. A um mês atrás fazia coisas que eu não gostava, só para ter dinheiro e manter a cabeça ocupada. Que falta ainda um ano e meio para terminar a faculdade. Que não tenho namorada. Exceto minhas alunas não há sequer uma mulher apaixonada por mim ( e não há mesmo) que estou preso a um amor do passado. E que o entendia. E acho que era tudo que ele queria ouvir. Que alguém o entendia.Que algúem já provara da dor que ele sentia...No fundo é o que queremos. Um abraço. Um carinho. Dei um grande abraço nele. Aquele abraço foi para mim também. Dei meu número para ele. E me senti bem. Eu, que sempre dissera que fazia isso para os outros hoje fiz de verdade. E se soubesse que era tão bom, já teria repetido muitas e muitas vezes. É bom tocar alguém. Ver alguém. É bom saber também que alguém está lá por nós. Nas madrugadas, tarde, manhãs que sofro, nunca encontro ninguém para me consolar. E as vezes tudo que eu queria era um abraço, uma palavra e a certeza que em algum momento essa dor vai passar. Mas não tenho isso e por isso acredito piamente que não passa não...
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