quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Na rua.

Essa noite dormi na rua. É, na rua. Ao relento. Por opção. Não fui expulso de lugar nenhum. Só não consegui...Chorei demais...estava triste demais...Não consegui ficar em casa. Vi, através do facebook do meu amigo que ela mudou a foto do perfil. Não dá pra ver o face completo, postagem nenhuma. Dá pra ver algumas fotos e mais nada. Ela tem uma nova foto, em preto e branco. Ela está linda. Linda. Linda. Radiante. Feliz mesmo. Deu continuidade a sua vida.E eu aqui. Ontem a tristeza me atingiu como um soco. Me oprimiu. Me esmagou. Lá no apartamento estava um clima de pura alegria. E eu não conseguia ficar. Um aperto no coração. Uma vontade de sumir. Desaparecer. Para sempre. Não posso reclamar que ninguém se ofereceu para ajudar. Muito pelo contrário. Todos quiseram conversar. Todos me deram uma palavra amiga. Mas o meu sofrimento, a dor que estava sentindo, não permitiu que ninguém se aproximasse. Na noite de ontem eu só queria morrer. E foi a morte que procurei quando sai de casa por volta das 22hs. Perambulei por lugares da minha cidade. Sozinho. Relativamente bem vestido. Chorando demais. Fragilizado. Na cabeça e no coração, minha total inaptidão para recomeçar a vida.O peso. A negação da alegria efêmera que sinto. A saudade que dilacera cada pedaço meu. Caminhei durante quase duas horas. Fui parar debaixo de uma das pontes da minha cidade.Ali fiquei. Uma noite fria. Ninguém se aproximou. E eu sentado ali, completamente sozinho. A cabeça voando. Não demorou muito apareceu um homem. Sentou. Me olhou. Pediu um cigarro. Disse que não fumava. Me pediu 1 real. Disse que não tinha. E o encarei, como que esperando o que ele faria. Ele me olhou e disse:"Com certuza não moras na rua..." E eu caí no choro. Descompassado. Forte.Desesperador. Ele nada disse. Ficamos os dois em silêncio por quase uma hora. Olhei no relógio eram 02h16 da manhã. Eu puxei assunto.Quis saber da vida dele. Ele pouco respondeu. Disse que desde muito novo se entregou as drogas vejam só...por conta de um fim e namoro...quando viu, morava nas ruas...a mãe morreu, a família toda é do Paraná, para lá ele nunca quis ir...e aqui ficou. Novo silêncio. Ele disse que voltaria a andar. "Tudo de bom pra ti, playboy". E saiu andando.Tão alquebrado quanto eu. Tão miserável quanto eu me sentia. 
Todos os dias a violência urbana faz vítimas atrás de vítimas no Brasil. Madrugada fria. Eu na rua. Num ponto perigoso. O que demoraria para alguém me abordar, fazer algo comigo, ali? Não aconteceu. um mísero perigo. Pedi, implorei a morte, e ela não me atendeu. Cheguei a pegar no sono. Dormi cerca de 40min ao relento. Poderia ter acontecido uma série de coisas comigo. Mas até nisso não sou ouvido. Era hora de ir para aula. Passei numa padaria, comprei 2 energéticos, um pão e usei o banheiro para lavar o rosto. Aulas absoluamente despreparadas, exceto a do terceirão que já estava pronta há dias por conta do vestibular nesse final de semana. E vejam só...foi essa que a orientadora pedagógica assistiu e adorou. Já estou mais que contratado para o ano que vem. Inclusive com uma outra proposta que será maravilhosa para mim. Qual efeito isso tem hoje na minha vida? Nenhum...a dor segue. A falta de perspectiva também.Estou cansado, dolorido, esgotado física e mentalmente e muito próximo de ter um colapso segundo palavras do meu psiquiatra. Hoje a tarde foi nossa sessão e ele ouviu esse relato quase que horizado.  Pela primeira vez ele me receitou remédios fortes "confiando em mim". E agora? Tomo todos? Já não temo mais nada. Nem quem vou deixar. Nem para onde vou. Descobri que essa vida já me xandou. Descobri que não tenho mais o que fazer aqui. Já fui feliz que chega. Já fui amado que chega. Já amei que chega. E sim, já chorei que chega. Queria que isso terminasse por bem. Não terminou. Meio ano quase. Meio ano. E estou tão melhor hoje quanto estava há cinco meses e meio atrás. Tão perto de sair dessa, quanto estava no dia 30 de maio de 2011. Acabou tudo para mim. Tudo!

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