quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Voltas que o mundo dá.

De certa maneira já voltei a trabalhar no colégio. Essa semana, mesmo paralisado por ainda não ter decidido o que fazer da minha vida profissional, tive reuniões todos os dias no colégio onde dou aula. Montagem de calendário, eventos, aulas, horários, enfim...não sabia mesmo que professor trabalhava tanto. Ontem a atividade não foi no colégio. O sindicato das escolas particulares do meu estado promeveu um simpósio educacional e claro, todos nós teríamos que ir, como de fato fomos. Foram grandes palestras. Realmente leva a pensar em como a educação gratuíta está defasada em relação a privada. Não há nada semelhante na rede pública. Palestrantes de renome internacional estavam lá, falando para mais de 1500 professores de todo o estado. Ás 10:30 foi o intervalo para o mega lanche que consumiu dois auditórios. O professor de matemática, um dos meus mais caros amigos, e eu, estávamos circulando para ver se encontrávamos alguém conhecido. Encontramos a diretora do nosso colégio conversando com um homem que estava de costas para a gente. Ela imediatamente parou de falar com ele, nos beijou e apresentou para o homem que eu ainda não notara quem era: "Esses aqui são meus tesouros. Minhas jóias lá do colégio. Esse é( apresentou meu amigo) professor de matemática e esse é ( me apresentou) meu professor de Português e Literatura. Ele tá largando metade dos meus alunos porque o ( falou o nome do dono do colégio onde talvez eu trabalhe) fez uma boa proposta pra ele. E me disse quem era o homem e o colégio do qual ele era o diretor. Meu queixo caiu na hora. Era o filho do dono do colégio onde minha ex namorada fez seu ensino fundamental II e também todo o médio. Inclusive os dois tiveram no último ano dela lá uma relação conturbada. Ele apertou minha mão, disse que eu estava famoso(???) porque uma aluna falava muito de mim   para os outros alunos  bem como a professora de história do cursinho que coordeno, minha amiga e que esse ano assumiu história no ensino fundamental II do colégio. Disse ainda  que se ele não tivesse um ( ídolo da minha ex namorada e excepcional professor pelo que se fala) excelente professor de literatura nós conversaríamos.Olhou atentamente para mim e disse: "Mas eu não te conheço de algum lugar não??" Tenho certeza que já te vi antes..."  Eu engoli em seco e disse: "Não que eu lembre."  O que eu podia fazer além de mentir? "Ah eu era o namorado da tua melhor aluna do colégio...." Não havia o que falar...Batemos um papo descontraído, mas profissional e ele disse que por trabalhar onde eu trabalhava e estar ( talvez) indo para onde eu ia era evidente que eu estava construindo uma grande carreira. E que no futuro poderíamos até trabalhar juntos. Acho que ele foi gentil.Falou coisa semelhante para meu amigo.  Eu não sei se daria aula no colégio onde ela estudou por 8 anos. Foi um encontro estranho. Eu via mais o pai dele, dono do colégio, mas era alguém que por ela falar tanto, parecia até que eu conhecia. E estávamos frente a frente falando de coisas que nunca sonhei falar com ele. Foi inusitado demais. Me lembrou dela. O que ela pensaria ou ouvir essa historia? Certamente daríamos boas risadas juntos. Mas confesso que quando ele saiu me veio certa melancolia. Por ela não estar ali. Não ver o que aquele cara que ela namorava se tornou. Talvez não acreditasse na história. Talvez fosse confirmar com ele. E ele diria que sim, pois ela é verdadeira. Passou um filme na cabeça enquanto ele falava. Inclusive quando ela dizia que ele não gostava dessa vida escolar. Mas ontem ele pareceu bem imponente como o poderoso do colégio. Como parte engraçada é que finalmente, depois de anos matei minha curiosidade e soube quanto ganha um professor do colégio dela. Mais do que onde eu trabalho. Menos do que onde vou trabalhar talvez. Um bom salário. Vale mesmo a pena. Mas o filme de mim, ali com ele, ainda está na cabeça.

Nenhum comentário:

Postar um comentário