quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A volta do mentiroso.

Foram mais ou menos 8 meses. 8 meses "limpo", sem mentir. Ás vezes preocupado se a impressão que eu passava aqui, não era diferente do que eu realmente havia me tornado. Não queria que quem me lê achasse que em 8 meses virei uma espécie de um santo, porque não virei. Não perdi meus vários defeitos. Mas busquei, não sem sacrífios, mudar meus hábitos, concertar, ainda que não definitivamente, meu caráter. Sou um cara mais centrado. Mais calmo. Menos explosivo. Menos vaidoso. Convencido. Acho que mais humilde. Sou de verdade um ser humano muito melhor que era. Mais próximo talvez do homem que minha ex namorada amou. Mas acho que mudei rápido demais. Cecília Meirelles disse que ir na direção certa é mais importante que a velocidade. Tudo mudou rápido demais e não tenho exata certeza se eu estava pronto para essas mudanças. Minha psicóloga já havia me alertado com bastante frequencia sobre isso. Engraçado né? Não parece que eu já estou me justificando? E acho que estou mesmo...porque passados 8 meses, numa noite, voltei a mentir desvairadamente. E o que é pior, para meus amigos. Pessoas que me amam. Respeitam. Foi ontem na despediada do meu amigo que já relatei aqui. Havia algumas pessoas que conheço apenas de "oi, tudo bem", o papo estava muito animado, todos começaram a contar grandes efeitos de sua vida, e eu sem razão nenhuma, sempre acho que não tenho feitos para partilhar. Aí eu invento. E ontem literalmente inventei. Não usei o nome de ninguém do meu passado, apenas falei de garotas que fiquei e que  não fiquei porque sequer existem, amigos que fiz, sem nunca ter feito, momentos que vivi sem ter vivido. Descontroladamente. Em certo momento, o professor de matemática ,um dos meus melhores amigos, veio até mim e disse: "Acho melhor parares meu irmão". Falei: "De quê? Beber"  Nem poderia ser porque por conta da academia, nem bebendo estou mais. Ele colocou a mão no meu ombro, abaixou-se e disse: "Não...de mentir...Não precisas disso. Nós te amamos assim. Para." Aquilo calou em mim. Passei o resto da noite calado, envergonhado, decepcionado comigo mesmo. Tanto tempo sem, e como uma droga ( do jeitinho que meu psiquiatra havia dito) caí de novo. E eu ainda fico citando psicólogos e psiquiatras como se na justificativa encontrasse um jeito de entender o que eu fiz. Falo para vocês o que eu acredito: Não sou confiável. Nunca fui. Quem sabe a resposta mais simples seja a correta: Uma vez mentiroso sempre mentiroso. Talvez não minta mais porque formei um círculo de amigos que sabe o quão questionável é meu caráter. E aí na frente deles já não seja mais possível mentir. Até porquê seria cobrado, como de fato fui. Quem sabe o mentiroso que achei ter matado com mudanças radicais, estivesse só dormindo, esperando a oportunidade para acordar. Ontem foi uma oportunidade. Platéia grande, disposta a rir das palhaçadas e esperando novas histórias. Mesmo algumas sendo verdadeiras, as que causaram maiores risos eram falsas. Não era memórias. Eram mentiras. Mesmo para vocês tenho vergonha de admitir isso. Porque mentindo inconscientemente posso ter passado a errada imagem aqui que me tornei um cara perfeito, sem mais erros. Me tornei, e gosto disso, sem dúvidas uma pessoa melhor do que era. Mas ontem percebi que ainda há muito o que mudar. Talvez o segredo não esteja na pressa, na velocidade. Talvez diminuir seja a grande sacada. Manter a direção. Pular as tentações. Esquecer o que de fato sou. Mesmo que o que sou ainda me assombre.

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