quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Vergonha.

Foi com muita vergonha que passei a tarde inteira em casa. Trancado no quarto.Com medo.Chorando.Liguei para minha psicóloga pra desmarcar a consulta. Ela diz que por acaso já havia lido no blog o que aconteceu e queria me ver. Hesitante,fui. Os olhos em todas as pessoas da rua. Procurando. Apavorado. Contei para ela o que aconteceu. Ela foi doce e ao mesmo tempo firme: Não havia do que me envergonhar. Nós tivemos uma relação de 7 anos. Vivemos excepcionais momentos. Em algum momento ela achou que eu era o homem da vida dela. Vivemos coisas juntos que não podem e não serão superadas por nenhum outro. Nem como homem nem como amigo. Deveria ter entrado e civilizadamente cumprimentado. Todas palavras da minha psicóloga. Mas não consegui. Tive e tenho imensa vergonha de cada uma das coisas que fiz. De todas as maldades que cometi. Das mentiras. Da traição.Da manipulação. De ter brincado com a vida. Ainda que os sentimentos em muitos casos fossem os melhores possíveis...o mau foi feito. O dano foi causado. "Tu não sabe o tamanho do mau que tu me fez..." me disse ela certa vez. E não sei mesmo...só posso ter uma ideia. Tudo que tento fazer de bom, de correto, de legal para os outros é em vão. Não tenho amor por essas pessoas. A pessoa que mais amo no mundo, que mais amei e me dediquei fui vítima de minhas armações e de meu mau caratismo. É muito fácil agora pagar de bom moço, se dizer arrependido e tentar seguir em frente. Eu não tenho o direito de seguir em frente. Eu mereço pagar por cada lágrima derramada. Por cada mentira contada. Por cada história inventada para ela, pro meu amigo, pra minha amiga, e pra tantas pessoas que foram minhas vítimas. Fazer o bem á terceiros não faz de mim nada demais. Sobretudo se esse bem é em muito uma tentativa frustrada de não ficar sozinho, já que hoje poucas são as pessoas que de fato ficam perto de mim.E estão certas as que abandonaram. Meus alunos me amam. Ou melhor amam a imagem que inventei pra eles. Do cara legal. Correto.Íntegro. Justo. Se possuo essas qualidades elas foram drasticamente deturpadas ao longos dos anos. Sou podre. Desprezível. Um monstro. A verdade é uma só. As pessoas não podem me desprezar mais do que eu me desprezo. Não me perdoar menos do que eu me perdoou. Não me odiar mais do que eu me odeio. Eu não me aguento. 
Minha psicóloga foi humana o bastante pra não demonstrar sua decepção pelo fato de eu não ter melhorado nada nesses 100 dias(!!!!) e apaziguou dizendo que o processo é longo e gradativo, dividido em etapas. Embora fique evidente que eu não passei por nenhuma etapa de melhora ainda. Ela disse que não pensa assim, que pra ela eu melhorei sim e muito,comparado a primeira vez que conversamos. Ainda assim...hoje é um daqueles dias que a morte seria bem vinda. Um daqueles dias que o sofrimento pisou em mim. Eu mereço. E ao falar da morte, mais uma vez mostro o principal traço da minha personalidade: A COVARDIA.Minha vida inteira foi de fugas. De quem eu era. Como me tornar mais especial do que de fato era. Enganando os outros. E agora, quando finalmente começo a pagar por todo o mau que fiz eu quero fugir, morrendo....Mas seria bem vinda demais a morte. AGORA!

Nenhum comentário:

Postar um comentário