domingo, 11 de março de 2012

Falha!

Quando meu namoro terminou, o desespero, a vontade de morrer, me matar, durou muito tempo. Algumas coisas foram preponderantes para que tal sentimento se arrefecesse: O cursinho comunitário talvez tenha sido a maior delas. E por uma razão simples. Toda a minha carência de atenção e vontade de ser protagonista em tudo se realizou ali. Não, não é só um trabalho de humildade não. Não há porque mentir aqui. Ali sou O astro. Dono da aula mais esperada. O poderoso criador, idealizador e coordenador do projeto. Respeito máximo dos amigos e colegas que dele fazem parte. Adoração dos alunos. Um ambiante criado quase como uma ode a um cara cujo maior defeito é o egocentrismo. Além do mau caritismo latente, é evidente. 
Mas não foi "apenas" isso que fez com que a vontade de por fim em tudo, diminuísse e sumisse, como hoje em dia. Pouco depois do término, eu me comprometi com mais dois projetos sociais. Um com crianças com HIV e outro como palhaço ( literalmente) para crianças com câncer. Foram mais ou menos dois meses de um e um mês de outro, até eu parar de ir. Poderia pegar pesado comigo mesmo e dizer que a razão pela minha saída foi justamente em nenhum desses lugares eu ser o protagonista. Mas ninguém é. Os protagonistas são as crianças que precisam de nós. Ainda há altruísmo em mim. E verdadeiro. O grande problema foi a agenda, que foi enchendo, enchendo, tornando praticamente impossível dar sequencia a esses projetos. Eu falhei. Conquistei algumas crianças e comuniquei as pessoas responsáveis que não mais iria. O que isso diz a meu respeito? Não posso nem me apoiar em minha "mola pública", Já faço parte de um projeto social, o que uma coisa tem a ver com a outra, não é mesmo? Nada e coisa nenhuma! Poderia ter organizado mais a minha agenda pra ajudar a cuidar de quem fez tanto por mim. Muitos sábados a tarde ou domingos no almoço, quando eu não tinha ninguém para conversar, ou me dar um abraço, era com eles que eu contava! Era deles que eu buscava carinho. E as pessoas, elogiando minha atitude: "Tu faz tão bem para elas..." Se soubessem que eram elas que faziam para mim...eu era só um cara patético...Sem nada, ninguém, me aproveitando, como sempre fiz na minha vida, da carência alheia...Elas é que me ajudavam...ajudaram!
Hoje o dia está cheio. Mesmo. Ontem eu passei o dia em duas reuniões. Na parte da manhã e pedaço da tarde, com meus amigos do curso pré vestibular comunitário. Era a parte dolorosa do projeto. Eliminar pessoas. Só temos 120 vagas e mais de 500 inscritos. Julgar quem de fato precisa é duro. Mas fazemos, porque precisamos. Na segunda parte da tarde, reunião pedagógica do cursinho pré vestibular que darei aula. Começa amanhã. Minhas aulas serão ás sextas feiras. Fazendo com que meu dia "clássico" no pré vestibular que coordenado, mude. A noite, uma cervejinha para relaxar com os amigos. No shopping perto de casa, e repleto de olhares pros lados. Sempre procurando. Sempre com medo. Acho que nunca deixarei ter. Com tudo isso, o dia de hoje está repleto de coisas. Provas do primeiro e segundo ano para corrigir. Aulas dos dois cursinhos para preparar. Aulas da semana dos meus alunos do colégio. Mas ainda assim, ás 10horas da manhã, resolvi ir na casa lar, para crianças com HIV. Impelido pela consciência, pela saudade e pela obrigação moral. Ao ligar ainda pouco perguntando se poderia almoçar com eles, ela me disse que serei sempre bem vindo! E aí, num dia que acordei de baixo astral, cansado da semana longa e trabalhosa que tive, isso me fez um bem, mas um bem...Vou para lá. E vou sorrir. E quero fazer sorrir também! Bom dia!

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