sexta-feira, 16 de março de 2012

Das relações perigosas.

O professor mais popular de um colégio inteiro. Não é uma opinião. É um fato. O "tio" querido e amado do sexto e do sétimo ano( as duas turmas que sou regente). Dono das brincadeiras, das aulas de vídeo, das piadas. O que resolve problemas. O parceiro do oitavo ano. O regente dos formandos do nono ano. O professor amado do primeiro. O coração do segundo, também sob a minha regência. Tudo do terceiro.Sempre sonhei em ser esse tipo de professor. E sempre soube que isso me traria algumas consequencias. Minha ex namorada vivia dizendo que TODAS as minhas alunas iriam se apaixonar por mim quando eu desse aula. No cursinho eu tive uma amostra disso. Claro que não TODAS.Algumas. Poucas. Mas um número maior do que eu esperava.No colégio, nunca imaginei ter esse problema. Pra mim sempre foi o reduto do meu amigo, o professor de matemática. O lindo. E ele é mesmo. Por dentro e por fora. Com uma grande ressalva em relação a mim: Ele tem 22 anos apenas. Ou seja, as meninas são loucas por ele. Ele divide esse eleitorado com o professor de química, também meu amigo. E o amigo que mora comigo, que agora dá redação lá no colégio. Ano passado, apenas duas se mostraram "apaixonadas" por mim. E isso  muito me satisfez. Nada serve para o meu ego ( e olha que sou egocêntrico) essa adulação das alunas.Mas esse ano nao sei explicar o que aconteceu. O fato é que a explosão da minha popularidade, fez nascer em muitas meninas ( e dessa vez muitas mesmo) uma "paixonite" aguda por mim. Muitas deixam o sentimento quieto,como devem fazer. Eu tenho 33 anos. A mais nova dessas meninas, tem 14. Mesmo a mais velha, tem 17. E eu sou o professor delas. Se não crio ( talvez erradamente) a distância adequada que faz com que aquela relação de respeito seja perene entre todos nós, ao menos deixo claro sempre que nunca farei nada com nenhuma delas. Por todas as razões possíveis. Todas têm idade para ser minhas filhas. Sou professor. Não quero ser demitido, muito menos preso. Embora a grande maioria seja de meninas muito bonitas e que algumas provocam mesmo, isso passa longe de mim. Alguns amigos sempre falam, erradamente que eu deveria me "aproveitar" da fama. Absurdo por completo. Mesmo a alegação deles, que minha ex namorada tinha 14 anos quando ficamos, é válida. Não tenho mais 25. Com 25 já era errado. Mas não tenho mais aquele jeito de menino. Aquele ar despreocupado de garoto. Eu era um nada com 25 anos. Completo. Hoje sou professor de dois cursinhos. Um colégio. Coordenador de um curso pré vestibular comunitário. Cheguei tardiamente ao mundo dos adultos. E adulto não se aproveita de crianças. Já tenho tantos alunos adicionados no Facebook por exemplo, que criei um grupo só para eles. Assim eles não leem minha vida pessoal. Tem a parte de fotos deles inclusive.Aquele tempo que eu ficava com meninas de 14 anos, outro era. E não querendo justificar, mas na época minha ex namorada já era mais madura que muita menina do terceirão. Não é com alunas que eu encontrarei um amor pra mim. Não há tentações, vontades, nada. Há preocupação que a relação traga pra minha vida mais falatório do que já tem. Não quero essa fama. Quero me tornar um profissional respeitado. Quero ter orgulho do trabalho que faço. Mas quero marcar a vida dos meus alunos. Quero que eles lembrem de mim depois que acabarem esse ciclo. Não a lembrança de "fiquei com o professor", essa nunca terão. Mas a lembrança de que eu os marquei. De que aprenderam comigo. As relações são perigosas. Mas são gratificantes.

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