segunda-feira, 9 de abril de 2012

Ressurreição.

Páscoa. Ressurreição. Para tantas pessoas, mais uma data comercial. Ovos de páscoa, alegrias, festa, almoços em família. Na casa Dela era assim: 15 dias antes ela começava a preparar os chocolates de todos. Caseiro mesmo. Cada um com sua própria personalidade. Dava um toquezinho especial, fosse no detalhe do pacote ou mesmo no sabor. Para mim, sempre algo com coco. E ela caprichava demais. Claro que sempre comprávamos os preferidos dela no supermercado. Os maiores tamanhos possíveis. Diamante Negro.Batom.Sonho de Valsa. Bizz. Todos ela já ganhou de mim. Era uma data importante por uma série de fatores. Para mim, em outras épocas, em que a religião era mais inserida em minha vida, era A data. A ressurreição de Jesus Cristo. Era a época das melhores missas. Em que os melhores coroinhas, leitores, comentaristas, eram escalados. E eu estava lá. Entre eles. E depois disso veio  a Era do amor em minha vida. Em que minhas páscoas eram recheadas por ela. Ela fazia uma cesta gigante para minha mãe. Esse ano foi a primeira vez em 8 anos que minha mãe não recebeu dela. Então eu comprei eu mesmo! Uma bem grande, recheada de chocolates. Para ela saber que independente de qualquer coisa, ela é minha mãe e era por isso que ela ganhava essas coisas antes e nenhuma outra razão. Minha mãe a amava demais. Foi duro visitá-la, levar os presentes e responder a saudade que ela parecia sentir, através de seus questionamentos e também de suas lembranças....Relembras as vezes que ela ia lá, empolgada,com doces, bolos...como ela abraçava minha mãe...nada disso foi feito com essa facilidade toda, que eu fingi ter. Foi com dor no coração. Admito, sem lágrimas, dramas, ou presepadas do gênero. Apenas a dor de uma saudade que machuca. Que sempre vai machucar. 
Se páscoa é lembrança, é saudade, é se reerguer, é dor...também é alegria e júbilo. E o júbilo está presente nos detalhes. Os detalhes de quê a ressurreição vai chegando. De que é hora, após quase 11 meses, de colocar-se de pé. Ver as coisas tais quais elas são. Ainda há muita culpa para se pensar. Um longo caminho para se percorrer. Uma longa penitência para se pagar. Mas descobri ao longo desses meses, com amigos, família, alunos, com a vida que construí para mim que não posso viver só disso. Preciso viver. Viver melhor. Viver bem. Com dignidade. 
Eu sou aquele cara ( e a páscoa me parece a época perfeita para se relembrar isso) que já quis muito, muito, muito morrer. Me matar. Dar fim. Tamanha era a dor. A agonia. O dilaceramento da alma. Essa vontade esvaiu-se. Nada mais resta dela. Quero muito viver. Viver bem. Viver para as pessoas que gostam de mim. Viver para as aulas que dou. Rir. Fazer rir. Marcar a vida das pessoas positivamente. Não mais com mentiras. Manipulações, traições. Quero que os que me cercam tenham orgulho de mim. Que o Deus que hoje está ressuscitado me veja e tenha fé em mim. Que eu já errei o que tinha que errar.
Quero que essa páscoa marque não só a ressurreição cristã, mas a minha ressurreição. Que eu perceba e entenda que tudo que eu fiz de errado não pode ser remediado. Não terei perdão. Nunca. Mas que outras pessoas não precisam pagar por isso. Que ainda posso ser importante para alguém. Eu quero isso pra mim. Mais que ressuscitar. Viver de verdade. 

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